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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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560 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

A" ou A'", e eu não remonto desses "perfis" ao seu original<br />

como se vai do signo à significação. O que me é <strong>da</strong>do é<br />

A visto por transparência através de A', depois este conjunto<br />

através de A" e assim por diante, <strong>da</strong> mesma maneira como<br />

vejo o próprio pedregulho através <strong>da</strong>s massas de água que<br />

deslizam sobre ele. Existem sínteses de identificação, mas apenas<br />

na recor<strong>da</strong>ção expressa e na evocação voluntária do passado<br />

distante, quer dizer, nos modos derivados <strong>da</strong> consciência<br />

do passado. Por exemplo, hesito sobre a <strong>da</strong>ta de uma recor<strong>da</strong>ção,<br />

tenho diante de mim uma certa cena, não sei em<br />

que ponto do tempo prendê-la, a recor<strong>da</strong>ção perdeu sua ancoragem,<br />

posso então obter uma identificação intelectual fun<strong>da</strong><strong>da</strong>,<br />

por exemplo, na ordem causai dos acontecimentos:<br />

mandei fazer este traje antes do armistício, já que logo depois<br />

não se encontravam mais tecidos ingleses. Mas, neste<br />

caso, não é o próprio passado que eu atinjo. Ao contrário,<br />

quando reencontro a origem concreta <strong>da</strong> recor<strong>da</strong>ção, é porque<br />

esta se recoloca em uma certa corrente de temor e de esperança<br />

que vai de Munique à guerra, é porque encontro o<br />

tempo perdido, é porque, desde o momento considerado até<br />

meu presente, a cadeia <strong>da</strong>s retenções e o encaixe dos horizontes<br />

sucessivos asseguram uma passagem contínua. Os próprios<br />

referenciais objetivos em relação aos quais, na identificação<br />

mediata, eu localizo minha recor<strong>da</strong>ção e, em geral, a<br />

síntese intelectual só têm um sentido temporal porque pouco<br />

a pouco a síntese <strong>da</strong> apreensão me liga a todo o meu passado<br />

efetivo. Portanto, não se poderia tratar de reduzir a segun<strong>da</strong><br />

à primeira. Se os Abschattungen A' e A" me aparecem como<br />

Abschattungen de A, não é porque eles todos participam de uma<br />

uni<strong>da</strong>de ideal A que seria sua razão comum. É porque, através<br />

deles, eu tenho o próprio ponto A em sua individuali<strong>da</strong>de<br />

irrecusável, fun<strong>da</strong><strong>da</strong> de uma vez por to<strong>da</strong>s por sua passagem<br />

no presente, e porque vejo brotar dele os Abschattungen<br />

A', A"... Em linguagem husserliana, abaixo <strong>da</strong> "intencio-

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