12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

298 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

àquilo que existe de fato e como determinação antropológica,<br />

é apenas na medi<strong>da</strong> em que ele não seguiu até o fim<br />

seu programa, que era o de definir nossos poderes de conhecimento<br />

por nossa condição de fato, e que devia obrigá-lo<br />

a recolocar todo ser concebível sobre o fundo deste mundoaqui.<br />

A partir do momento em que a experiência — quer<br />

dizer, a abertura ao nosso mundo de fato — é reconheci<strong>da</strong><br />

como o começo do conhecimento, não há mais nenhum meio,<br />

de distinguir um plano <strong>da</strong>s ver<strong>da</strong>des a pnori e um plano <strong>da</strong>s<br />

ver<strong>da</strong>des de fato, aquilo que o mundo deve ser e aquilo que<br />

efetivamente ele é. A uni<strong>da</strong>de dos sentidos, que passava por<br />

uma ver<strong>da</strong>de a priori, é apenas a expressão formal de uma<br />

contingência fun<strong>da</strong>mental: o fato de que somos no mundo;<br />

a diversi<strong>da</strong>de dos sentidos, que passava por um <strong>da</strong>do a posteriori,<br />

compreendi<strong>da</strong> aí a forma concreta que ela assume em<br />

um sujeito humano, aparece como necessária a este mundoaqui,<br />

quer dizer, ao único mundo que possamos pensar com<br />

conseqüência; ela se torna então uma ver<strong>da</strong>de a priori. To<strong>da</strong><br />

sensação é espacial, nós aderimos a essa tese não porque a<br />

quali<strong>da</strong>de enquanto objeto só pode ser pensa<strong>da</strong> no espaço,<br />

mas porque, enquanto contato primordial com o ser, enquanto<br />

retoma<strong>da</strong>, pelo sujeito que sente, de uma forma de existência<br />

indica<strong>da</strong> pelo sensível, enquanto coexistência entre<br />

aquele que sente e o sensível, ela própria é constitutiva de<br />

um meio de experiência, quer dizer, de um espaço. Dizemos<br />

a priori que nenhuma sensação é pontual, que to<strong>da</strong> sensoriali<strong>da</strong>de<br />

supõe um certo campo, logo, coexistências, e concluímos<br />

<strong>da</strong>í, contra Lachelier, que o cego tem a experiência<br />

de um espaço. Mas essas ver<strong>da</strong>des a priori são apenas a explicitação<br />

de um fato: o fato <strong>da</strong> experiência sensorial como<br />

retoma<strong>da</strong> de uma forma de existência, e essa retoma<strong>da</strong> implica<br />

também que a ca<strong>da</strong> instante eu possa fazer-me quase inteiro<br />

tato ou visão, e que até mesmo eu nunca possa ver ou tocar<br />

sem que minha consciência em alguma medi<strong>da</strong> se obstrua e

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!