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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O MUNDO PERCEBIDO 395<br />

projeta em torno de si mundos que me mascaram a objetivi<strong>da</strong>de<br />

e determina esta objetivi<strong>da</strong>de como meta para a teleologia<br />

<strong>da</strong> consciência, destacando estes "mundos" sobre o fundo<br />

de um único mundo natural.<br />

Se o mito, o sonho, a ilusão devem poder ser possíveis,<br />

o aparente e o real devem permanecer ambíguos no sujeito,<br />

assim como no objeto. Freqüentemente se disse que, por definição,<br />

a consciência não admite a separação entre a aparência<br />

e a reali<strong>da</strong>de, e isso era entendido no sentido de que,<br />

no conhecimento de nós mesmos, a aparência seria reali<strong>da</strong>de:<br />

se penso ver ou sentir, sem dúvi<strong>da</strong> penso ou sinto, o que<br />

quer que seja do objeto exterior. Aqui, a reali<strong>da</strong>de aparece<br />

inteira, ser real e aparecer são um e o mesmo, não há outra<br />

reali<strong>da</strong>de senão a aparição. Se isso é ver<strong>da</strong>de, está excluído<br />

que a ilusão e a percepção até mesmo tenham aparência, que<br />

minhas ilusões sejam percepções sem objeto ou minhas percepções<br />

sejam alucinações ver<strong>da</strong>deiras. A ver<strong>da</strong>de <strong>da</strong> percepção<br />

e a falsi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> ilusão devem estar indica<strong>da</strong>s nelas por<br />

algum caráter intrínseco, pois de outra forma o testemunho<br />

dos outros sentidos, <strong>da</strong> experiência ulterior, ou de outrem,<br />

que permaneceria o único critério possível, tornando-se por<br />

sua vez incerto, nós nunca teríamos consciência de uma percepção<br />

e de uma ilusão enquanto tais. Se todo o ser de minha<br />

percepção e todo o ser de minha ilusão estão em sua maneira<br />

de aparecer, é preciso que a ver<strong>da</strong>de que define uma<br />

e a falsi<strong>da</strong>de que define a outra também me apareçam. Portanto,<br />

entre elas haverá uma diferença de estrutura. A percepção<br />

ver<strong>da</strong>deira será simplesmente uma ver<strong>da</strong>deira percepção.<br />

A ilusão não o será, a certeza deverá estender-se <strong>da</strong> visão<br />

ou <strong>da</strong> sensação como pensamentos à percepção como constitutiva<br />

de um objeto. A transparência <strong>da</strong> consciência acarreta<br />

a imanência e a absoluta certeza do objeto. To<strong>da</strong>via, é<br />

próprio <strong>da</strong> ilusão não apresentar-se como ilusão, e aqui é preciso<br />

que eu possa, se não perceber um objeto irreal, pelo me-

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