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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O MUNDO PERCEBIDO 437<br />

cebidos e <strong>da</strong>dos em consciência não-tética, exatamente tanto<br />

quanto é preciso para que deles eu possa escapar para a coisa.<br />

Quando percebo um seixo, não tenho expressamente consciência<br />

de conhecê-lo apenas pelos olhos, de ter dele apenas<br />

certos aspectos perspectivos, e to<strong>da</strong>via essa análise, se eu a<br />

faço, não me surpreende. Sur<strong>da</strong>mente eu sabia que a percepção<br />

global perspassava e utilizava meu olhar, o seixo me<br />

aparecia em plena luz diante <strong>da</strong>s trevas atulha<strong>da</strong>s de órgãos<br />

de meu corpo. Eu adivinhava fissuras possíveis no bloco sólido<br />

<strong>da</strong> coisa por pouco que tivesse a fantasia de fechar um olho<br />

ou de pensar na perspectiva. E nisso que é ver<strong>da</strong>deiro dizer<br />

que a coisa se constitui em um fluxo de aparências subjetivas.<br />

E to<strong>da</strong>via eu não a constituía atualmente, quer dizer,<br />

eu não punha ativamente e por uma inspeção do espírito as<br />

relações de todos os perfis sensoriais entre si e com meus aparelhos<br />

sensoriais. E isso que nós exprimimos ao dizer que percebo<br />

com meu corpo. A coisa visual aparece quando meu<br />

olhar, seguindo as indicações do espetáculo e reunindo as luzes<br />

e as sombras que ali estão esparsas, chega à superfície ilumina<strong>da</strong><br />

como àquilo que a luz manifesta. Meu olhar "sabe"<br />

aquilo que significa tal mancha de luz em tal contexto, ele<br />

compreende a lógica <strong>da</strong> iluminação. Mais geralmente, existe<br />

uma lógica do mundo que meu corpo inteiro esposa e pela<br />

qual coisas intersensoriais se tornam possíveis para nós. Meu<br />

corpo, enquanto é capaz de sinergia, sabe o que significa para<br />

o conjunto de minha experiência tal cor a mais ou a menos,<br />

de um só golpe ele apreende sua incidência na apresentação<br />

e o sentido do objeto. Ter sentidos, ter a visão por exemplo,<br />

é possuir essa montagem geral, essa típica <strong>da</strong>s relações<br />

visuais possíveis com o auxílio <strong>da</strong> qual somos capazes de assumir<br />

qualquer constelação visual <strong>da</strong><strong>da</strong>. Ter um corpo é possuir<br />

uma montagem universal, uma típica de todos os desenvolvimentos<br />

perceptivos e de to<strong>da</strong>s as correspondências intersensoriais<br />

para além do segmento do mundo que efetiva-

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