12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O MUNDO PERCEBIDO 333<br />

como um reflexo de sua orientação no mundo, mas também<br />

se impõe a uma psicologia intelectualista, para a qual o "direito"<br />

e o "invertido" são relações e dependem dos referenciais<br />

a que nos reportamos. Como o eixo de coordena<strong>da</strong>s escolhido,<br />

qualquer que seja, novamente só está situado no espaço<br />

por suas relações a um outro referencial, e assim por<br />

diante, a determinação do lugar do mundo é indefini<strong>da</strong>mente<br />

diferi<strong>da</strong>, o "alto" e o "baixo" perdem todo sentido determinável,<br />

a menos que, por uma contradição impossível, se<br />

reconheça a certos conteúdos o poder de se instalarem a si<br />

mesmos no espaço, o que leva ao empirismo e às suas dificul<strong>da</strong>des.<br />

E fácil mostrar que uma direção só pode existir para<br />

um sujeito que a traça, e um espírito constituinte tem eminentemente<br />

o poder de traçar to<strong>da</strong>s as direções no espaço,<br />

mas atualmente ele não tem nenhuma direção e, por conseguinte,<br />

nenhum espaço, na falta de um ponto de parti<strong>da</strong> efetivo,<br />

de um aqui absoluto que possa, pouco a pouco, <strong>da</strong>r um<br />

sentido a to<strong>da</strong>s as determinações do espaço. O intelectualismo,<br />

tanto quanto o empirismo, permanece aquém do problema<br />

do espaço orientado, porque ele não pode nem mesmo<br />

colocar a questão. Com o empirismo, tratava-se de saber como<br />

a imagem do mundo que, em si, está inverti<strong>da</strong> pode aprumar-se<br />

para mim. O intelectualismo não. pode nem mesmo<br />

admitir que a imagem do mundo esteja inverti<strong>da</strong> após<br />

a imposição dos óculos. Pois para um espírito constituinte não<br />

há na<strong>da</strong> que distinga as duas experiências antes e depois <strong>da</strong><br />

imposição dos óculos, ou, ain<strong>da</strong>, na<strong>da</strong> que torne incompatíveis<br />

a experiência visual do corpo "invertido" e a experiência<br />

tátil do corpo "direito", já que ele não considera o espetáculo<br />

de parte alguma e já que to<strong>da</strong>s as relações objetivas entre<br />

o corpo e a circunvizinhança estão conserva<strong>da</strong>s no novo espetáculo.<br />

Vê-se então a questão: de bom grado o empirismo<br />

se concederia, com a orientação efetiva de minha experiência<br />

corporal, este ponto fixo de que precisamos se queremos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!