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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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528 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

ção do tempo ver<strong>da</strong>deiro que mantém tudo e que está no coração<br />

<strong>da</strong> demonstração assim como <strong>da</strong> expressão. "A reflexão<br />

sobre a potência criadora do espírito", diz Brunschvicg 29 ,<br />

"com to<strong>da</strong> certeza de experiência implica o sentimento de<br />

que, em uma determina<strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de que se chegou a demonstrar,<br />

existe uma alma de ver<strong>da</strong>de que a ultrapassa e que dela<br />

se separa, alma que pode separar-se <strong>da</strong> expressão particular<br />

dessa ver<strong>da</strong>de para dirigir-se a uma expressão mais compreensiva<br />

e mais profun<strong>da</strong>, mas sem que este progresso afete a eterni<strong>da</strong>de<br />

do ver<strong>da</strong>deiro." O que é este ver<strong>da</strong>deiro eterno que<br />

ninguém tem? O que é este expresso para além de to<strong>da</strong> expressão<br />

e, se temos o direito de pô-lo, por que nossa preocupação<br />

constante é obter uma expressão mais exata? O que<br />

é este Uno em torno do qual os espíritos e as ver<strong>da</strong>des estão<br />

dispostos como se tendessem para ele, ao mesmo tempo em<br />

que se sustenta que eles não tendem para nenhum termo<br />

preestabelecido? A idéia de um Ser transcendente pelo menos<br />

tinha a vantagem de não tornar inúteis as ações pelas<br />

quais, em uma retoma<strong>da</strong> sempre difícil, ca<strong>da</strong> consciência e<br />

a intersubjetivi<strong>da</strong>de criam elas mesmas a sua uni<strong>da</strong>de. É ver<strong>da</strong>de<br />

que, se essas ações são aquilo que de mais íntimo podemos<br />

apreender em nós mesmos, a posição de Deus não contribui<br />

em na<strong>da</strong> para a eluci<strong>da</strong>ção de nossa vi<strong>da</strong>. Temos a experiência<br />

não de um ver<strong>da</strong>deiro eterno e de uma participação<br />

no Uno, mas dos atos concretos de retoma<strong>da</strong> pelos quais,<br />

no acaso do tempo, travamos relações com nós mesmos e com<br />

outrem; em suma, temos a experiência de uma participação<br />

no mundo, o "ser-para-a-ver<strong>da</strong>de" não é distinto do ser no<br />

mundo.<br />

Agora estamos em condições de tomar partido na questão<br />

<strong>da</strong> evidência e de descrever a experiência <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de. Existem<br />

ver<strong>da</strong>des assim como existem percepções: não que alguma<br />

vez possamos desdobrar inteiramente diante de nós as razões<br />

de alguma afirmação — só existem motivos, nós só te-

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