12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

328 FENQMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

o espaço é anterior às suas pretensas partes, que sempre são<br />

recorta<strong>da</strong>s nele. O espaço não é o ambiente (real ou lógico)<br />

em que as coisas se dispõem, mas o meio pelo qual a posição<br />

<strong>da</strong>s coisas se torna possível. Quer dizer, em lugar de imaginálo<br />

como uma espécie de éter no qual to<strong>da</strong>s as coisas mergulham,<br />

ou de concebê-lo abstratamente com um caráter que<br />

lhes seja comum, devemos pensá-lo como a potência universal<br />

de suas conexões. Portanto, ou eu não reflito, vivo nas<br />

coisas e considero vagamente o espaço ora como o ambiente<br />

<strong>da</strong>s coisas, ora como seu atributo comum, ou então eu reflito,<br />

retomo o espaço em sua fonte, penso atualmente as relações<br />

que estão sob essa palavra, e percebo então que elas só<br />

vivem por um sujeito que as trace e as suporte, passo do espaço<br />

espacializado ao espaço espacializante. No primeiro caso,<br />

meu corpo e as coisas, suas relações concretas segundo<br />

o alto e o baixo, a direita e a esquer<strong>da</strong>, o próximo e o distante<br />

podem aparecer-me como uma multiplici<strong>da</strong>de irredutível;<br />

no segundo caso, descubro uma capaci<strong>da</strong>de única e indivisível<br />

de traçar o espaço. No primeiro caso, lido com o espaço<br />

físico, com suas regiões diferentemente qualifica<strong>da</strong>s; no segundo,<br />

lido com o espaço geométrico cujas dimensões são<br />

substituíveis, tenho a espaciali<strong>da</strong>de homogênea e isotrópica,<br />

posso pelo menos pensar uma pura mu<strong>da</strong>nça de lugar que<br />

não modificaria em na<strong>da</strong> o móbil, e por conseguinte uma pura<br />

posição, distinta <strong>da</strong> situação do objeto em seu contexto concreto.<br />

Sabe-se como essa distinção se embaralha no plano do próprio<br />

saber científico, nas concepções modernas do espaço.<br />

Gostaríamos de confrontá-la aqui, não com os instrumentos<br />

técnicos que a física moderna se deu, mas com nossa experiência<br />

do espaço, última instância, segundo o próprio Kant,<br />

de todos os conhecimentos referentes ao espaço. Seria ver<strong>da</strong>de<br />

que estamos diante <strong>da</strong> alternativa, ou de perceber coisas<br />

no espaço, ou então (se nós refletimos, e se queremos saber<br />

o que significam nossas próprias experiências) de pensar o

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!