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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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356 FENOMENOLOGIA DÁ PERCEPÇÃO<br />

mo reta se eu a percorro, mas não se trata de uma inspeção<br />

do espírito, trata-se de uma inspeção do olhar, quer dizer,<br />

meu ato não é originário ou constituinte, ele é solicitado ou<br />

motivado. To<strong>da</strong> fixação é sempre fixação de algo que se oferece<br />

como a ser fixado. Quando fixo a face ABCD do cubo,<br />

isso não quer dizer apenas que a faço passar ao estado de visão<br />

níti<strong>da</strong>, mas também que a faço valer como figura e como<br />

mais próxima de mim do que a outra face; em uma palavra,<br />

que organizo o cubo, e o olhar é este gênio perceptivo abaixo<br />

do sujeito pensante, que sabe <strong>da</strong>r às coisas a devi<strong>da</strong> resposta<br />

que elas esperam para existirem diante de nós. Enfim, o que<br />

é ver um cubo? É, diz o empirismo, associar ao aspecto efetivo<br />

do desenho uma série de outras aparências, aquelas que<br />

ele ofereceria visto de mais perto, visto de perfil, visto de diferentes<br />

ângulos. Mas, quando vejo um cubo, não encontro<br />

em mim nenhuma destas imagens, elas são o troco de uma<br />

percepção <strong>da</strong> profundi<strong>da</strong>de que as torna possíveis e que não<br />

resulta delas. Qual é então este ato único pelo qual apreendo<br />

a possibili<strong>da</strong>de de to<strong>da</strong>s as aparências? E, diz o intelectualismo,<br />

o pensamento do cubo enquanto sólido formado por seis<br />

faces iguais e por doze arestas iguais que se cruzam em ângulo<br />

reto — e a profundi<strong>da</strong>de é apenas a coexistência <strong>da</strong>s faces<br />

e <strong>da</strong>s arestas iguais. Mas ain<strong>da</strong> aqui nos apresentam como<br />

definição <strong>da</strong> profundi<strong>da</strong>de aquilo que é apenas uma conseqüência<br />

dela. As seis faces e as doze arestas iguais não fazem<br />

todo o sentido <strong>da</strong> profundi<strong>da</strong>de e, ao contrário, essa definição<br />

não tem nenhum sentido sem a profundi<strong>da</strong>de. As seis<br />

faces e as doze arestas só podem coexistir e ao mesmo tempo<br />

permanecer iguais para mim se elas se dispõem em profundi<strong>da</strong>de.<br />

O ato que corrige as aparências, que dá aos ângulos<br />

agudos ou obtusos valor de ângulos retos, aos lados deformados<br />

valor de quadrado, não é o pensamento <strong>da</strong>s relações geométricas<br />

de igual<strong>da</strong>de e do ser geométrico ao qual elas pertencem,<br />

é o investimento do objeto por meu olhar que o pe-

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