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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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96 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

fenomenologia é uma fenomenologia, quer dizer, estu<strong>da</strong> a aparição<br />

do ser para a consciência, em lugar de supor a sua possibili<strong>da</strong>de<br />

previamente <strong>da</strong><strong>da</strong>. E notável ver como as filosofias<br />

transcendentais do tipo clássico nunca se interrogam sobre<br />

a possibili<strong>da</strong>de de efetuar a explicitação total que elas sempre<br />

supõem/ató em algum lugar. Basta-lhes que ela seja necessária,<br />

e julgam assim aquilo que é por aquilo que deve ser,<br />

por aquilo que a idéia do saber exige. De fato, o Ego meditante<br />

nunca pode suprimir sua inerência a um sujeito individual<br />

que conhece to<strong>da</strong>s as coisas em uma perspectiva particular.<br />

A reflexão nunca pode fazer com que eu deixe de perceber<br />

o sol a duzentos passos em um dia de neblina, de ver<br />

o sol "se levantar" e "se deitar", de pensar com os instrumentos<br />

culturais preparados por minha educação, meus esforços<br />

precedentes, minha história. Portanto, eu nunca reúno<br />

efetivamente, nunca desperto ao mesmo tempo todos os<br />

pensamentos originários que contribuem para minha percepção<br />

ou minha convicção presente. Uma filosofia como o criticismo<br />

não concede, em última análise, nenhuma importância<br />

a essa resistência <strong>da</strong> passivi<strong>da</strong>de, como se não fosse necessário<br />

tornar-se o sujeito transcendental para ter o direito<br />

de afirmá-lo. Ela subentende portanto que o pensamento do<br />

filósofo não está submetido a nenhuma situação. Partindo do<br />

espetáculo do mundo, que é o de uma natureza aberta a uma<br />

plurali<strong>da</strong>de de sujeitos pensantes, ela investiga a condição que<br />

torna possível este mundo único oferecido a vários eus empíricos,<br />

e a encontra em um Eu transcendental no qual eles participam<br />

sem dividi-lo porque ele não é um Ser, mas uma Uni<strong>da</strong>de<br />

ou um Valor. É por isso que o problema do conhecimento<br />

do outro nunca é posto na filosofia kantiana: o Eu<br />

transcendental do qual ela fala é tanto o do outro quanto o<br />

meu, de imediato a análise situou-se fora de mim, ela só precisa<br />

destacar as condições gerais que tornam possível um mundo<br />

para um Eu — eu mesmo tanto quanto o outro — e nun-

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