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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O CORPO 247<br />

bra o estiloarticular de uma palavra em fenômenos sonoros,<br />

desdobra em panorama do passado a atitude antiga que ele<br />

retoma, projeta uma intenção de movimento em movimento<br />

efetivo, porque ele é um poder de expressão natural.<br />

Essas observações permitem-nos restituir ao ato.de falar<br />

a sua ver<strong>da</strong>deira fisionomia. Em primeiro lugar, a fala não<br />

é o "signo" do pensamento, se entendemos por isso um fenômeno<br />

que anuncia um outro, como a fumaça anuncia o<br />

fogo. A fala e o pensamento só admitiriam essa relação exterior<br />

se um e outro fossem tematicamente <strong>da</strong>dos; na reali<strong>da</strong>de,<br />

eles estão envolvidos um no outro, o sentido está enraizado<br />

na fala, e a fala é a existência exterior do sentido. Não<br />

poderemos mais admitir, como comumente se faz, que a fala<br />

seja um simples meio de fixação, ou ain<strong>da</strong> o invólucro e a<br />

vestimenta do pensamento. Por que seria mais fácil lembrarse<br />

<strong>da</strong>s palavras ou <strong>da</strong>s frases do que lembrar-se dos pensamentos,<br />

se a ca<strong>da</strong> vez as pretensas imagens verbais precisam<br />

ser reconstruí<strong>da</strong>s? E por que o pensamento procuraria duplicar-se<br />

ou revestir-se de uma série de vociferações se elas não<br />

trouxessem e não contivessem em si mesmas seu sentido? As<br />

palavras só podem ser as "fortalezas do pensamento" e o pensamento<br />

só pode procurar a expressão se as falas são por si<br />

mesmas um texto compreensível e se a fala possui uma potência<br />

de significação que lhe seja própria. É preciso que, de<br />

uma maneira ou de outra, a palavra e a fala deixem de ser<br />

uma maneira de designar o objeto ou o pensamento para se<br />

tornarem a presença desse pensamento no mundo sensível e,<br />

não sua vestimenta, mas seu emblema ou seu corpo. É preciso<br />

que exista, como dizem os psicólogos, um "conceito lingüístico"<br />

{Sprachbegriff) ou um conceito verbal (Wortbegriff),<br />

uma "experiência interna central" 9 , especificamente verbal,<br />

graças à qual o som ouvido, pronunciado, lido ou escrito se<br />

torne um fato de linguagem" 10 . Doentes podem ler um texto<br />

"com ritmo", sem to<strong>da</strong>via compreendê-lo. Isso ocorre en-

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