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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O SER-PARA-SI E O SER-NO-MUNDO 575<br />

com meus campos sensoriais, meu campo perceptivo, e finalmente<br />

com uma típica de todo ser possível, uma montagem<br />

universal a respeito do mundo. No fundo do próprio sujeito,<br />

descobríamos portanto a presença do mundo, de forma que<br />

o sujeito não devia mais ser compreendido como ativi<strong>da</strong>de<br />

sintética, mas como ek-stase, e que to<strong>da</strong> operação ativa de significação<br />

ou de Sinn-gebung aparecia como deriva<strong>da</strong> e secundária<br />

em relação àquela pregnância <strong>da</strong> significação nos signos<br />

que poderia definir o mundo. Sob a intencionali<strong>da</strong>de de<br />

ato ou tética, e como sua condição de possibili<strong>da</strong>de, encontrávamos<br />

uma intencionali<strong>da</strong>de operante, já trabalhando antes<br />

de qualquer tese ou qualquer juízo, um "Logos do mundo<br />

estético" 24 , uma "arte escondi<strong>da</strong> nas profundezas <strong>da</strong> alma<br />

humana", e que, como to<strong>da</strong> arte, só se conhece em seus resultados.<br />

A distinção que tínhamos feito alhures 25 entre estrutura<br />

e significação doravante se esclarece: o que faz a diferença<br />

entre a Gestalt do círculo e a significação círculo é que<br />

a segun<strong>da</strong> é reconheci<strong>da</strong> por um entendimento que a engendra<br />

como lugar dos pontos eqüidistantes de um centro, a primeira<br />

por um sujeito familiar ao seu mundo e capaz de<br />

apreendê-la como uma modulação deste mundo, como fisionomia<br />

circular. Não temos outra maneira de saber o que é<br />

um quadro ou uma coisa senão olhá-los, e a significação deles<br />

só se revela se nós os olhamos de um certo ponto de vista,<br />

de uma certa distância e em um certo sentido; em uma palavra,<br />

se colocamos nossa conivência com o mundo a serviço<br />

do espetáculo. A expressão "o sentido de um córrego" não<br />

quer dizer na<strong>da</strong> se não suponho um sujeito que olhe de um<br />

certo lugar para um outro. No mundo em si, to<strong>da</strong>s as direções<br />

assim como todos os movimentos são relativos, o que<br />

significa dizer que ali eles não existem. Não haveria movimento<br />

efetivo e eu não teria a noção do movimento se, na<br />

percepção, eu não deixasse a terra enquanto "solo" 26 de todos<br />

os repousos e de todos os movimentos aquém do movi-

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