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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O CORPO 141<br />

mo, e não podia permanecer nesse ponto de inconsciência.<br />

Pois o físico não é o objeto do qual fala, nem o químico; ao<br />

contrário, o psicólogo era ele mesmo, por princípio, o fato do<br />

qual tratava. Essa representação do corpo, essa experiência<br />

mágica que ele abor<strong>da</strong>va com desapego era ele mesmo, ele<br />

a vivia ao mesmo tempo em que a pensava. Sem dúvi<strong>da</strong>, como<br />

se mostrou muito bem 3 , não lhe bastava ser o psiquismo<br />

para conhecê-lo; este saber, como todos os outros, só se adquire<br />

por nossas relações com o outro, não nos reportamos<br />

ao ideal de uma psicologia de introspecção e, de si mesmo<br />

ao outro assim como de si a si mesmo, o psicólogo podia e<br />

devia redescobrir uma relação pré-objetiva. Mas, enquanto<br />

psicólogo falando do psiquismo, ele era tudo aquilo de que<br />

falava. Essa história do psiquismo que ele desenvolvia na atitude<br />

objetiva, ele já possuía seus resultados diante de si, ou<br />

antes, em sua existência, ele era seu resultado contraído e sua<br />

recor<strong>da</strong>ção latente. A união entre a alma e o corpo não se<br />

realizara de uma vez por to<strong>da</strong>s e em um mundo distante, a<br />

ca<strong>da</strong> instante ela renascia abaixo do pensamento do psicólogo,<br />

e não como um acontecimento que se repete e a ca<strong>da</strong> vez<br />

surpreende o psiquismo, mas como uma necessi<strong>da</strong>de que o<br />

psicólogo previa em seu ser ao mesmo tempo em que a constatava<br />

pelo conhecimento. A gênese <strong>da</strong> percepção desde os<br />

"<strong>da</strong>dos sensíveis" até o "mundo" devia renovar-se em ca<strong>da</strong><br />

ato de percepção, sem o que os <strong>da</strong>dos sensíveis teriam perdido<br />

o sentido que deviam a essa evolução. O "psiquismo" não<br />

era então um objeto como os outros: tudo o que se iria dizer<br />

dele, eleja o fizera antes que se o dissesse; o ser do psicólogo<br />

sabia sobre si mesmo mais do que ele, na<strong>da</strong> do que lhe adviera<br />

ou lhe adviria na opinião <strong>da</strong> ciência lhe era absolutamente<br />

estranho. Aplica<strong>da</strong> ao psiquismo, a noção de fato sofria então<br />

uma transformação. O psiquismo de fato, com suas "particulari<strong>da</strong>des",<br />

não era mais um acontecimento no tempo objetivo<br />

e no mundo exterior, mas um acontecimento que toca-

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