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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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280 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

los", no organismo tal como nossos livros o representam, é<br />

primeiramente porque temos um campo perceptivo presente<br />

e atual, uma superfície de contato com o mundo ou perpetuamente<br />

enraiza<strong>da</strong> nele, é porque sem cessar ele vem assaltar<br />

e investir a subjetivi<strong>da</strong>de, assim como as on<strong>da</strong>s envolvem<br />

um destroço na praia, Todo saber se instala nos horizontes<br />

abertos pela percepção. Não se pode tratar de descrever a própria<br />

percepção como um dos fatos que se produzem no mundo,<br />

já que a percepção é a "falha" deste "grande diamante".<br />

Certamente, o intelectualismo representa um progresso<br />

na toma<strong>da</strong> de consciência: aquele lugar fora do mundo que<br />

o filósofo empirista subentendia e onde tacitamente ele se situava<br />

para descrever o acontecimento <strong>da</strong> percepção recebe<br />

agora um nome, figura na descrição. E o Ego transcendental.<br />

Através disso, to<strong>da</strong>s as teses do empirismo encontram-se<br />

revira<strong>da</strong>s, o estado de consciência torna-se consciência de um<br />

estado, a passivivi<strong>da</strong>de torna-se posição de uma passivi<strong>da</strong>de,<br />

o mundo torna-se o correlativo de um pensamento do mundo<br />

e só existe para um constituinte. E to<strong>da</strong>via permanece ver<strong>da</strong>deiro<br />

que o próprio intelectualismo se dá o mundo inteiramente<br />

pronto. Pois a constituição do mundo, tal como ele a<br />

concebe, é uma simples cláusula de estilo: a ca<strong>da</strong> termo <strong>da</strong><br />

descrição empirista acrescenta-se o índice "consciência de...".<br />

Subordina-se todo o sistema <strong>da</strong> experiência — mundo, corpo<br />

próprio, eu empírico — a um pensador universal encarregado<br />

de produzir as relações dos três termos. Mas, como ele<br />

não está envolvido no sistema, as relações continuam a ser<br />

aquilo que eram no empirismo: relações de causali<strong>da</strong>de desdobra<strong>da</strong>s<br />

no plano dos acontecimentos cósmicos. Ora, se o<br />

corpo próprio e o eu empírico são apenas elementos no sistema<br />

<strong>da</strong> experiência, objetos entre outros objetos sob o olhar<br />

do ver<strong>da</strong>deiro Eu, como pudemos algum dia confundir-nos<br />

com nosso corpo, como pudemos acreditar que víamos com<br />

nossos olhos aquilo que na ver<strong>da</strong>de apreendíamos por uma

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