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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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604 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

dia<strong>da</strong> por ela, deixamos de ser pura consciência a partir do<br />

momento em que a constelação natural ou social deixa de ser<br />

um isto informulado e se cristaliza em uma situação, a partir<br />

do momento em que ela tem um sentido, quer dizer, em suma,<br />

a partir do momento em que existimos. To<strong>da</strong> coisa nos<br />

aparece através de um intermediário que ela colore com sua<br />

quali<strong>da</strong>de fun<strong>da</strong>mental; este pe<strong>da</strong>ço de madeira não é nem<br />

uma reunião de cores e de <strong>da</strong>dos táteis, nem mesmo sua Gestalt<br />

total, mas emana dele como que uma essência lenhosa,<br />

esses "<strong>da</strong>dos sensíveis" modulam um certo tema ou ilustram<br />

um certo estilo que é a própria madeira e que forma, em torno<br />

deste pe<strong>da</strong>ço que aqui está e <strong>da</strong> percepção que dele tenho,<br />

um horizonte de sentido. O mundo natural, como o vimos,<br />

não é senão o lugar de todos os temas e de todos os estilos<br />

possíveis. Ele é indissoluvelmente um indivíduo sem igual e<br />

um sentido. Correlativamente, a generali<strong>da</strong>de e a individuali<strong>da</strong>de<br />

do sujeito, a subjetivi<strong>da</strong>de qualifica<strong>da</strong> e a subjetivi<strong>da</strong>de<br />

pura, o anonimato do Se e o anonimato <strong>da</strong> consciência<br />

não são duas concepções do sujeito entre as quais a filosofia<br />

teria de escolher, mas dois momentos de uma estrutura única<br />

que é o sujeito concreto. Consideremos por exemplo o sentir.<br />

Eu me perco neste vermelho que está diante de mim, sem<br />

qualificá-lo de maneira alguma, parece que essa experiência<br />

me faz entrar em contato com um sujeito pré-humano. Quem<br />

percebe este vermelho? Não é ninguém que se possa nomear<br />

e que se possa agrupar com outros sujeitos perceptivos. Pois<br />

entre esta experiência do vermelho que eu tenho e aquela <strong>da</strong><br />

qual os outros me falam nenhuma confrontação direta será<br />

algum dia possível. Estou aqui em meu ponto de vista próprio,<br />

e como to<strong>da</strong> experiência, enquanto ela é impressionai,<br />

<strong>da</strong> mesma maneira é estritamente minha, parece que um sujeito<br />

único e sem segundo as envolve a to<strong>da</strong>s. Formo um pensamento,<br />

por exemplo penso no Deus de Spinoza; este pensamento<br />

tal como eu o vivo é uma certa paisagem à qual nin-

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