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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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NOTAS 631<br />

as representações e os automatismos; o caso do Conselheiro de Estado torna-se<br />

ininteligível, já que seria preciso reportar seus distúrbios ou à preparação<br />

ideatória do movimento, ou então a alguma deficiência dos automatismos,<br />

o que Liepmann excluía no início, e a apraxia motora se reconduz ou à apraxia<br />

ideatória, quer dizer, a uma forma de agnosia, ou então à paralisia. A apraxia<br />

só se tornará compreensível, só se fará justiça às observações de Liepmann<br />

se o movimento a fazer puder ser antecipado, sem sê-lo por uma representação,<br />

e exatamente isso só é possível se a consciência é defini<strong>da</strong> não<br />

como posição explícita de seus objetos, mas, mais geralmente, como referência<br />

a um objeto prático tanto quanto teórico, como ser no mundo, se o<br />

corpo, por seu lado, é definido não como um objeto entre todos os objetos,<br />

mas como o veículo do ser no mundo. Enquanto se define a consciência pela<br />

representação, a única operação possível para ela é formar representações.<br />

A consciência será motora enquanto ela se der uma "representação de movimento".<br />

O corpo executa então o movimento copiando-o <strong>da</strong> representação<br />

que a consciência se dá e segundo uma fórmula de movimento que recebe<br />

dela (cf. O. Sittig, Ueber Apraxie, p. 98). Resta compreender por qual operação<br />

mágica a representação de um movimento suscita justamente no corpo<br />

esse próprio movimento. O problema só se resolve se deixamos de distinguir<br />

o corpo enquanto mecanismo em si e a consciência enquanto ser para si.<br />

96. Lhermitte, G. Lévy e Kyriako, Les perturbations de Ia représentation<br />

spatiale chez les apraxiques, p. 597.<br />

97. Lhermitte e Trelles, Sur 1'apraxie constructive, les troubles de Ia pensée<br />

spatiale et de Ia somatognosie <strong>da</strong>ns 1'apraxie, p. 428; cf. Lhermitte, De Massary<br />

e Kyriako, Le role de Ia pensée spatiale <strong>da</strong>ns Vapraxie.<br />

98. Head e Holmes, Sensory Disturbances from Cerebral Lesions, p. 187.<br />

99. Grünbaum, Aphasie und Motorik.<br />

100. Goldstein, Van Woerkom, Boumann e Grünbaum.<br />

101. Grünbaum, trabalho citado, pp. 386-192.<br />

102. Grünbaum, trabalho citado, pp. 397-398.<br />

103. Id., ibid., p. 394.<br />

104. Id., ibid., p. 396.<br />

105. Sobre esse ponto, ver La structure du comportement, pp. 125 ss.<br />

106. Como pensa Bergson, por exemplo, quando define o hábito como<br />

"o resíduo fossilizado de uma ativi<strong>da</strong>de espiritual' 1 .<br />

107. Head, Sensory Disturbances from Cerebral Lesions, p. 188.<br />

108. Grünbaum, Aphasie und Motorik, p. 395.<br />

109. Ele esclarece assim a natureza do esquema corporal. Quando dizemos<br />

que este nos dá imediatamente a posição de nosso corpo, não queremos<br />

dizer, à maneira dos empiristas, que ele consiste em ura mosaico de "sensações<br />

extensivas 11 . Ele é um sistema aberto ao mundo, correlativo do mundo.<br />

110. Cf. Chevalier, L'habitude, pp. 202 ss.<br />

111. Ver Proust, Du côtéde chez Swann, II: "Como se os instrumentistas<br />

muito menos tocassem a pequena frase do que executassem os ritos exi-

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