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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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344 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

vel para mim é precisamente aquilo que, para o espectador,<br />

a torna visível sob o aspecto <strong>da</strong> largura: a justaposição de pontos<br />

simultâneos em uma única direção, que é a de meu olhar.<br />

Portanto, a profundi<strong>da</strong>de que declaram invisível é uma profundi<strong>da</strong>de<br />

já identifica<strong>da</strong> à largura, e sem essa condição o argumento<br />

não teria nem mesmo uma aparência de consistência.<br />

Da mesma maneira, o intelectualismo só pode fazer aparecer,<br />

na experiência de profundi<strong>da</strong>de, um sujeito pensante<br />

que faça sua síntese, porque ele reflete em uma profundi<strong>da</strong>de<br />

realiza<strong>da</strong>, em uma justaposição de pontos simultâneos que<br />

não é a profundi<strong>da</strong>de tal como ela se oferece a mim, mas a<br />

profundi<strong>da</strong>de para um espectador situado lateralmente, quer<br />

dizer, finalmente a largura 19 . Assimilando de uma só vez<br />

uma à outra, as duas filosofias se dão como evidente o resultado<br />

de um trabalho constitutivo do qual, ao contrário, precisamos<br />

retraçar as fases. Para tratar a profundi<strong>da</strong>de como<br />

uma largura considera<strong>da</strong> de perfil, para chegar a um espaço<br />

isótropo, é preciso que o sujeito abandone seu lugar, seu ponto<br />

de vista sobre o mundo, e se pense em uma espécie de ubiqüi<strong>da</strong>de.<br />

Para Deus, que está em to<strong>da</strong>s as partes, a largura<br />

é imediatamente equivalente à profundi<strong>da</strong>de. O intelectualismo<br />

e o empirismo não nos dão um relato <strong>da</strong> experiência<br />

humana do mundo: eles dizem o que Deus poderia pensar<br />

dela. E sem dúvi<strong>da</strong> é o próprio mundo que nos convi<strong>da</strong> a substituir<br />

as dimensões e a pensá-lo sem ponto de vista. Todos<br />

os homens admitem, sem nenhuma especulação, a equivalência<br />

<strong>da</strong> profundi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> largura; ela é partilha<strong>da</strong> na evidência<br />

de um mundo intersubjetivo, e é isso que faz com que<br />

os filósofos, assim como os outros homens, possam esquecer<br />

a originali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> profundi<strong>da</strong>de. Mas ain<strong>da</strong> não sabemos na<strong>da</strong><br />

sobre o mundo e o espaço objetivos, procuramos descrever<br />

o fenômeno do mundo, que dizer, seu nascimento para<br />

nós neste campo em que ca<strong>da</strong> percepção torna a nos colocar,<br />

em que ain<strong>da</strong> estamos sós, em que os outros só aparecerão

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