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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O SER-PARA-SI E O SER-NO-MUNDO 593<br />

racionalista: ou o ato livre é possível, ou não o é, ou o acontecimento<br />

vem de mim, ou é imposto pelo exterior, não se<br />

aplica às nossas relações com o mundo e com nosso passado.<br />

Nossa liber<strong>da</strong>de não destrói nossa situação, mas se engrena<br />

a ela: nossa situação, enquanto vivemos, é aberta, o que implica<br />

ao mesmo tempo que ela reclama modos de resolução<br />

privilegiados e que por si mesma ela é impotente para causar<br />

algum.<br />

Chegaríamos ao mesmo resultado considerando nossas<br />

relações com a história. Se me apreendo em minha absoluta<br />

concreção e tal como a reflexão me dá a mim mesmo, sou<br />

um fluxo anônimo e pré-humano que ain<strong>da</strong> não se qualificou,<br />

por exemplo, como "operário" ou como "burguês". Se<br />

a seguir eu me penso como um homem entre os homens, um<br />

burguês entre os burgueses, isso só pode ser, ao que parece,<br />

O<br />

uma visão secun<strong>da</strong>ria sobre mim mesmo, em meu centro eu «_<br />

nunca sou operário ou burguês, sou uma consciência que se -i<br />

valoriza livremente como consciência burguesa ou como cons- *<br />

ciência proletária. E, com efeito, minha posição objetiva no<br />

circuito <strong>da</strong> produção nunca basta para provocar a toma<strong>da</strong> de<br />

consciência de classe. Houve explorados muito antes de que<br />

houvesse revolucionários. Não é sempre em período de crise<br />

econômica que o movimento operário progride. A revolta não<br />

é então o produto <strong>da</strong>s condições objetivas, inversamente é a<br />

decisão que o operário toma de querer a revolução que faz<br />

dele um proletário. A valorização do presente se faz pelo livre<br />

projeto do porvir, donde se poderia concluir que por si<br />

mesma a história não tem sentido, ela tem aquele sentido que<br />

nós lhe <strong>da</strong>mos por nossa vontade. To<strong>da</strong>via, aqui novamente<br />

tornamos a cair no método do "aquilo sem o quê": ao pensamento<br />

objetivo, que inclui o sujeito na rede do determinismo,<br />

opomos a reflexão idealista que faz o determinismo repousar<br />

na ativi<strong>da</strong>de constituinte do sujeito. Ora, já vimos que<br />

o pensamento objetivo e a análise reflexiva são dois aspectos

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