12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O SER-PARA-SI E O SER-NO-MUNDO 603<br />

dele um sujeito histórico, tendia a confiar no adquirido.<br />

Propor-lhes nesse momento, seja retomar os métodos do governo<br />

revolucionário, seja retornar ao estado social de 1789,<br />

teria sido um erro histórico, não que exista uma ver<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

história independente de nossos projetos e de nossas avaliações<br />

sempre livres, mas porque existe uma significação média<br />

e estatística desses projetos. Isso significa dizer que <strong>da</strong>mos<br />

seu sentido à história, mas não sem que ela o proponha<br />

a nós. A Sinn-gebung não é apenas centrífuga e é por isso que<br />

o sujeito <strong>da</strong> história não é o indivíduo. Há troca entre a existência<br />

generaliza<strong>da</strong> e a existência individual, ca<strong>da</strong> uma recebe<br />

e dá. Há um momento em que o sentido que se esboçava<br />

no Se, e que era apenas um possível inconsistente ameaçado<br />

pela contingência <strong>da</strong> história, é retomado por um indivíduo.<br />

Pode acontecer que agora, tendo-se apoderado <strong>da</strong> história,<br />

ele a conduza, pelo menos por um certo tempo, para muito<br />

além <strong>da</strong>quilo que parecia ser seu sentido e a envolva em uma<br />

nova dialética, como quando Bonaparte se torna Cônsul Imperador<br />

e conquistador. Nós não afirmamos que de um lado<br />

a outro a história só tenha um único sentido, como não o afirmamos<br />

de uma vi<strong>da</strong> individual. Queremos dizer que em todo<br />

caso a liber<strong>da</strong>de só o modifica retomando aquele que ela<br />

oferecia no momento considerado e por uma espécie de deslizamento.<br />

Em relação a esta proposição do presente, pode-se<br />

distinguir o aventureiro do homem de Estado, a impostura<br />

histórica e a ver<strong>da</strong>de de uma época, e por conseguinte nossa<br />

colocação em perspectiva do passado, se ela nunca alcança<br />

a objetivi<strong>da</strong>de absoluta, nunca tem o direito de ser arbitrária.<br />

Reconhecemos portanto, em torno de nossas iniciativas<br />

e desse projeto rigorosamente individual que nós somos, uma<br />

zona de existência generaliza<strong>da</strong> e de projetos já feitos, significações<br />

que vagueiam entre nós e as coisas e que nos qualificam<br />

como homem, como burguês ou como operário. A generali<strong>da</strong>de<br />

já intervém, nossa presença a nós mesmos já é me-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!