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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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o CORPO 259<br />

tellungsfunktion) ou a ativi<strong>da</strong>de "categorial" 18 , e que fazia a<br />

fala repousar no pensamento. Na reali<strong>da</strong>de, não é em direção<br />

a um novo intelectualismo que a teoria se encaminha.<br />

Os autores, quer o saibam ou não, procuram formular aquilo<br />

que nós chamaremos de uma teoria existencial <strong>da</strong> afasia,<br />

quer dizer, uma teoria que trata o pensamento e a linguagem<br />

objetiva como duas manifestações <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de fun<strong>da</strong>mental<br />

pela qual o homem se projeta para um "mundo" 19 .<br />

Seja, por exemplo, a amnésia dos nomes de cor. Mostra-se,<br />

pelos testes de combinação, que o amnésico perdeu o poder<br />

geral de subsumir as cores a uma categoria, e relaciona-se<br />

o déficit verbal a essa mesma causa. Mas, se nos reportamos<br />

às descrições concretas, percebemos que a ativi<strong>da</strong>de categorial,<br />

antes de ser um pensamento ou um conhecimento, é uma<br />

certa maneira de relacionar-se ao mundo e, correlativamente,<br />

um estilo ou uma configuração <strong>da</strong> experiência. Para um<br />

sujeito normal, a percepção <strong>da</strong> pilha de amostras organiza-se<br />

em função <strong>da</strong> ordem <strong>da</strong><strong>da</strong>: "As cores que pertencem à mesma<br />

categoria que a amostra modelo destacam-se sobre o fundo<br />

<strong>da</strong>s outras" 20 ; todos os vermelhos, por exemplo, constituem<br />

um conjunto e o sujeito só precisa desmembrar esse conjunto<br />

para reunir to<strong>da</strong>s as amostras que dele fazem parte. Para<br />

o doente, ao contrário, ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s amostras está confina<strong>da</strong><br />

em sua existência individual. Elas opõem uma espécie de<br />

viscosi<strong>da</strong>de ou de inércia à constituição de um conjunto segundo<br />

um princípio <strong>da</strong>do. Quando duas cores objetivamente<br />

semelhantes são apresenta<strong>da</strong>s ao doente, elas não aparecem<br />

necessariamente como semelhantes: pode acontecer que<br />

em uma domine o tom fun<strong>da</strong>mental, em outra o grau de clari<strong>da</strong>de<br />

ou de calor 21 . Podemos obter uma experiência desse<br />

tipo colocando-nos diante de uma pilha de amostras em uma<br />

atitude de percepção passiva: as cores idênticas reúnem-se sob<br />

nosso olhar, mas as cores apenas semelhantes só estabelecem<br />

entre si relações incertas; "a pilha parece instável, ela se mo-

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