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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O SER-PARA-SI £ O SER-NO-MUNDO 525<br />

to se transcende na fala, que a própria fala faz esta concordância<br />

de mim comigo e de mim com outrem sobre a qual<br />

se quer fundá-la. O fenômeno <strong>da</strong> linguagem, no duplo sentido<br />

de fato primeiro e de prodígio, não é explicado, mas suprimido,<br />

se nós o duplicamos com um pensamento transcendente,<br />

já que ele consiste no fato de que um ato de pensamento,<br />

por ter sido expresso, doravante tem o poder de sobreviver.<br />

Não é, como freqüentemente se disse, que a fórmula<br />

verbal nos sirva de meio mnemotécnico: inscrita no<br />

papel ou confia<strong>da</strong> à memória, ela não nos serviria para na<strong>da</strong><br />

se de uma vez por to<strong>da</strong>s não tivéssemos adquirido a potência<br />

interior de interpretá-la. Exprimir não é substituir ao pensamento<br />

novo um sistema de signos estáveis aos quais estejam<br />

ligados pensamentos seguros, é assegurar-se, pelo emprego<br />

de palavras já usa<strong>da</strong>s, de que a intenção nova retoma a herança<br />

do passado, é com um só gesto incorporar o passado<br />

ao presente e sol<strong>da</strong>r este presente a um futuro, abrir todo um<br />

ciclo de tempo em que o pensamento "adquirido" permanecerá<br />

presente a título de dimensão, sem que doravante precisamos<br />

evocá-lo ou reproduzi-lo. O que se chama de in temporal<br />

no pensamento é aquilo que, por ter retomado assim<br />

o passado e envolvido o futuro, é presuntivamente de todos<br />

os tempos e portanto não é de forma alguma transcendente<br />

ao tempo. O intemporal é o adquirido.<br />

Dessa aquisição para sempre, o próprio tempo nos oferece<br />

o primeiro modelo. Se o tempo é a dimensão segundo<br />

a qual os acontecimentos se expulsam uns aos outros, ele é<br />

também-a dimensão segundo a qual ca<strong>da</strong> um deles recebe um<br />

lugar inalienável. Dizer que um acontecimento tem lugar é dizer<br />

que será ver<strong>da</strong>deiro para sempre que ele teve lugar. Ca<strong>da</strong><br />

momento do tempo, segundo sua própria essência, põe<br />

uma existência contra a qual os outros momentos do tempo<br />

na<strong>da</strong> podem. Após a construção, a relação geométrica está<br />

adquiri<strong>da</strong>; mesmo se esqueço os detalhes <strong>da</strong> demonstração,

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