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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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68 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

suprimir-me enquanto filósofo que investiga. Nenhuma filosofia<br />

pode ignorar o problema <strong>da</strong> finitude, sob pena de<br />

ignorar-se a si mesma enquanto filosofia; nenhuma análise<br />

<strong>da</strong> percepção pode ignorar a percepção como fenômeno original,<br />

sob pena de ignorar-se a si mesma enquanto análise,<br />

e o pensamento infinito que se descobriria imanente à percepção<br />

não seria o mais alto ponto de consciência, mas, ao<br />

contrário, uma forma de in consciência. O movimento de reflexão<br />

superaria a meta: ele nos transportaria de um mundo<br />

imobilizado e determinado a uma consciência sem fissura,<br />

quando o objeto percebido é animado por uma vi<strong>da</strong> secreta<br />

e a percepção, enquanto uni<strong>da</strong>de, se desfaz e se refaz sem<br />

cessar. Enquanto não tivermos seguido o movimento efetivo<br />

pelo qual a ca<strong>da</strong> momento a consciência refaz os seus passos,<br />

os contrai e os fixa em um objeto identificável, passa pouco<br />

a pouco do "ver" ao "saber", e obtém a uni<strong>da</strong>de de sua própria<br />

vi<strong>da</strong>, só teremos uma essência abstrata <strong>da</strong> consciência.<br />

Não atingiremos essa dimensão constitutiva se substituirmos<br />

por um sujeito absolutamente transparente a uni<strong>da</strong>de plena<br />

<strong>da</strong> consciência, e por um pensamento eterno a "arte escondi<strong>da</strong>"<br />

que faz surgir um sentido nas "profundezas <strong>da</strong> natureza".<br />

A toma<strong>da</strong> de consciência intelectualista não chega até<br />

este tufo vivo <strong>da</strong> percepção porque ela busca as condições que<br />

a tornam possível ou sem as quais ela não existiria, em lugar<br />

de desvelar a operação que a torna atual ou pela qual ela se<br />

constitui. Na percepção efetiva e toma<strong>da</strong> no estado nascente,<br />

antes de to<strong>da</strong> fala, o signo sensível e sua significação não são<br />

separáveis nem mesmo idealmente. Um objeto é um organismo<br />

de cores, de odores, de sons, de aparências táteis que<br />

se simbolizam e se modificam uns aos outros e concor<strong>da</strong>m<br />

uns com os outros segundo uma lógica real que a ciência tem<br />

por função explicitar, e <strong>da</strong> qual ela está muito longe de ter<br />

acabado a análise. Em relação a essa vi<strong>da</strong> perceptiva, o intelectualismo<br />

é insuficiente ou por carência ou por excesso: ele

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