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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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o CORPO 185<br />

porque as partes se a<strong>da</strong>ptam necessariamente umas às outras.<br />

Quando se divide um quadrado em quatro, se se aproximam<br />

convenientemente as partes, é preciso que isso forme um quadrado."<br />

69 Ele sabe portanto o que é um quadrado ou um<br />

triângulo; a relação entre essas duas significações não lhe escapa,<br />

pelo menos depois <strong>da</strong>s explicações do médico, e ele compreende<br />

que todo quadrado pode ser dividido em triângulos;<br />

mas ele não infere <strong>da</strong>í que todo triângulo (retângulo, isósceles)<br />

pode servir para construir um quadrado de superfície quádrupla,<br />

porque a construção desse quadrado exige que os<br />

triângulos <strong>da</strong>dos sejam reunidos de outra maneira e porque<br />

os <strong>da</strong>dos sensíveis se tornam a ilustração de um sentido imaginário.<br />

Em suma, o mundo não lhe sugere mais nenhuma<br />

significação e, reciprocamente, as significações que ele se propõe<br />

não se encarnam mais no mundo <strong>da</strong>do. Em poucas palavras,<br />

diremos que para ele o mundo não tem mais fisionomia 70 .<br />

E isso que permite compreender as particulari<strong>da</strong>des de seu<br />

desenho. Schn. nunca desenha segundo o modelo (nachzeichnen),<br />

a percepção não se prolonga diretamente em movimento.<br />

Com a mão esquer<strong>da</strong> ele apalpa o objeto, reconhece certas<br />

particulari<strong>da</strong>des (um ângulo, uma reta), formula sua descoberta<br />

e finalmente traça sem modelo uma figura correspondente<br />

à fórmula verbal 71 . A tradução do percebido em movimento<br />

passa pelas significações expressas <strong>da</strong> linguagem,<br />

enquanto o sujeito normal penetra no objeto pela percepção,<br />

assimila sua estrutura, e através de seu corpo o objeto regula<br />

diretamente seus movimentos 72 . Esse diálogo do sujeito com<br />

o objeto, essa retoma<strong>da</strong> pelo sujeito do sentido esparso no objeto<br />

e pelo objeto <strong>da</strong>s intenções do sujeito que é a percepção<br />

fisionômica, dispõe em torno do sujeito um mundo que lhe<br />

fala de si mesmo e instala no mundo seus próprios pensamentos.<br />

Se em Schn. essa função está comprometi<strong>da</strong>, pode-se prever,<br />

com maior razão, que a percepção dos acontecimentos<br />

humanos e a percepção do outro apresentarão deficiências,

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