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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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406 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

mo: aquém ou além, só temos uma percepção confusa por<br />

excesso ou por falta, tendemos agora para o máximo de visibili<strong>da</strong>de<br />

e procuramos, como ao microscópio, uma melhor focalização<br />

1 , e ela é obti<strong>da</strong> por um certo equilíbrio do horizonte<br />

interior e do horizonte exterior: um corpo vivo, visto de<br />

muito perto e sem nenhum fundo sobre o qual ele se destaque,<br />

não é mais um corpo vivo, mas uma massa material tão<br />

estranha quanto as paisagens lunares, como se pode observá-lo<br />

olhando um segmento de epiderme com a lupa; visto de muito<br />

longe, ele perde novamente o valor de vivo, não é mais do<br />

que uma boneca ou um autômato. O corpo vivo ele mesmo aparece<br />

quando sua microestrutura não é nem muito, nem muito<br />

pouco visível, e este momento também determina sua forma<br />

e sua grandeza reais. A distância de mim ao objeto não<br />

é uma grandeza que cresce ou decresce, mas uma tensão que<br />

oscila em torno de uma norma; a orientação oblíqua do objeto<br />

em relação a mim não é medi<strong>da</strong> pelo ângulo que ele forma<br />

com o plano de meu rosto, mas senti<strong>da</strong> como um desequilíbrio,<br />

como uma repartição desigual de suas influências sobre<br />

mim; as variações <strong>da</strong> aparência não são mu<strong>da</strong>nças de grandeza<br />

para mais ou para menos, distorções reais: simplesmente,<br />

ora suas partes se misturam e se confundem, ora elas se articulam<br />

niti<strong>da</strong>mente umas às outras e desvelam suas riquezas.<br />

Existe um ponto de maturi<strong>da</strong>de de minha percepção que satisfaz<br />

simultaneamente a estas três normas e para o qual tende<br />

todo o processo perceptivo. Se aproximo de mim o objeto<br />

ou se o faço girar em meus dedos para "vê-lo melhor", é porque<br />

para mim ca<strong>da</strong> atitude de meu corpo é de um só golpe<br />

potência de um certo espetáculo, porque para mim ca<strong>da</strong> espetáculo<br />

é aquilo que é em uma certa situação cinestésica;<br />

em outros termos, porque diante <strong>da</strong>s coisas meu corpo está<br />

permanentemente em posição para percebê-las e, inversamente,<br />

porque as aparências são sempre envolvi<strong>da</strong>s por mim em<br />

uma certa atitude corporal. Se conheço a relação <strong>da</strong>s aparên-

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