12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

24 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

ponde a na<strong>da</strong> de que tenhamos a experiência, e que as mais<br />

simples percepções de fato que conhecemos, em animais como<br />

o macaco e a galinha, versam sobre relações e não sobre termos<br />

absolutos 1 . Mas resta perguntar-se por que acreditamse<br />

autorizados de direito a distinguir, na experiência perceptiva,<br />

uma cama<strong>da</strong> de "impressões". Seja uma mancha branca<br />

sobre um fundo homogêneo. Todos os pontos <strong>da</strong> mancha<br />

têm em comum uma certa "função" que faz deles uma "figura'<br />

'. A cor <strong>da</strong> figura é mais densa e como que mais resistente<br />

do que a do fundo; as bor<strong>da</strong>s <strong>da</strong> mancha branca lhe<br />

"pertencem" e não são solidárias ao fundo to<strong>da</strong>via contíguo;<br />

a mancha parece coloca<strong>da</strong> sobre o fundo e não o interrompe.<br />

Ca<strong>da</strong> parte anuncia mais do que ela contém, e essa percepção<br />

elementar já está portanto carrega<strong>da</strong> de um sentido. Mas<br />

se a figura e o fundo, enquanto conjunto, não são sentidos<br />

é preciso, dir-se-á, que eles o sejam em ca<strong>da</strong> um de seus pontos.<br />

Isso seria esquecer que ca<strong>da</strong> ponto, por sua vez, só pode<br />

ser percebido como uma figura sobre um fundo. Quando a<br />

Gestalttheone nos, diz que uma figura sobre um fundo é o <strong>da</strong>do<br />

sensível mais simples que podemos obter, isso não é um caráter<br />

contingente <strong>da</strong> percepção de fato, que nos deixaria livres,<br />

em uma análise ideal, para introduzir a noção de impressão.<br />

Trata-se <strong>da</strong> própria definição do fenômeno perceptivo,<br />

<strong>da</strong>quilo sem o que um fenômeno não pode ser chamado<br />

de percepção. O "algo" perceptivo está sempre no meio de<br />

outra coisa, ele sempre faz parte de um "campo". Uma superfície<br />

ver<strong>da</strong>deiramente homogênea, não oferecendo na<strong>da</strong> para<br />

se perceber, não pode ser <strong>da</strong><strong>da</strong> a nenhuma percepção. Somente<br />

a estrutura <strong>da</strong> percepção efetiva pode ensinar-nos o que é perceber.<br />

Portanto, a pura impressão não apenas é inencontrável,<br />

mas imperceptível e portanto impensável como momento<br />

<strong>da</strong> percepção. Se a introduzem, é porque, em vez de estarem<br />

atentos à experiência perceptiva, a esquecem em benefício<br />

do objeto percebido. Um campo visual não é feito de vi-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!