12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

76 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

uma vez por to<strong>da</strong>s, e que na<strong>da</strong> poderia impedir de ter sido.<br />

Na certeza do presente, há uma intenção que ultrapassa a presença,<br />

que antecipa<strong>da</strong>mente o põe como um "antigo presente"<br />

indubitável na série <strong>da</strong>s rememorações, e a percepção enquanto<br />

conhecimento do presente é o fenômeno central que<br />

torna possível a uni<strong>da</strong>de do eu e, com ela, a idéia <strong>da</strong> objetivi<strong>da</strong>de<br />

e <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de. Mas ela é apresenta<strong>da</strong> no texto somente<br />

como uma dessas evidências irresistíveis apenas de fato, que<br />

permanecem sujeitas à dúvi<strong>da</strong> 39 . A solução cartesiana não é<br />

portanto considerar o pensamento humano em sua condição<br />

de fato como garantia de si mesmo, mas apoiá-lo em um pensamento<br />

que se possui absolutamente. A conexão entre a essência<br />

e a existência não é encontra<strong>da</strong> na experiência mas na<br />

idéia do infinito. Portanto, no final <strong>da</strong>s contas é ver<strong>da</strong>de que<br />

a análise reflexiva repousa inteira em uma idéia dogmática<br />

do ser, e que nesse sentido ela não é uma toma<strong>da</strong> de consciência<br />

acaba<strong>da</strong> 40 . Quando o intelectualismo retomava a noção<br />

naturalista de sensação, neste passo estava implica<strong>da</strong> uma<br />

filosofia. Reciprocamente, quando a psicologia elimina definitivamente<br />

essa noção, podemos esperar encontrar nessa reforma<br />

o esboço de um novo tipo de reflexão. No plano <strong>da</strong><br />

psicologia, a crítica <strong>da</strong> "hipótese de constância" significa apenas<br />

que se abandona o juízo como fator explicativo na teoria<br />

<strong>da</strong> percepção. Como pretender que a percepção <strong>da</strong> distância<br />

seja concluí<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> grandeza aparente dos objetos, <strong>da</strong><br />

dispari<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s imagens retinianas, <strong>da</strong> acomo<strong>da</strong>ção do cristalino,<br />

<strong>da</strong> convergência dos olhos, que a percepção do relevo<br />

seja concluí<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> diferença entre a imagem forneci<strong>da</strong><br />

pelo olho direito e a imagem forneci<strong>da</strong> pelo olho esquerdo,<br />

já que, se nós nos atemos aos fenômenos, nenhum desses<br />

"signos" é claramente <strong>da</strong>do à consciência, e já que não poderia<br />

haver raciocínio ali onde faltam as premissas? Mas essa<br />

crítica ao intelectualismo só atinge a sua vulgarização entre<br />

os psicólogos. E, assim como o próprio intelectualismo,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!