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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O MUNDO PERCEBIDO 367<br />

objeto em repouso também precisa de identificação. Ele não<br />

pode ser dito em repouso se a ca<strong>da</strong> instante é aniquilado e<br />

recriado, se ele não subsiste através de suas diferentes apresentações<br />

instantâneas. Portanto, a identi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> qual falamos<br />

é anterior à distinção entre o movimento e o repouso.<br />

O movimento não é na<strong>da</strong> sem um móbil que o trace e faça<br />

sua uni<strong>da</strong>de. Aqui, a metáfora do fenômeno dinâmico ilude<br />

o psicólogo: parece-nos que uma força assegura por si mesma<br />

sua uni<strong>da</strong>de, mas é porque supomos sempre alguém que<br />

a identifica no desdobramento de seus efeitos. Os "fenômenos<br />

dinâmicos" adquirem sua uni<strong>da</strong>de de mim que os vivo,<br />

os percorro e faço sua síntese. Assim, passamos de um pensamento<br />

do movimento, que o destrói, a uma experiência do<br />

movimento, que procura fundá-lo, mas também desta experiência<br />

a um pensamento sem o qual, a rigor, ela na<strong>da</strong> significa.<br />

Portanto, não se pode <strong>da</strong>r razão nem ao psicólogo nem<br />

ao lógico, ou antes é preciso <strong>da</strong>r razão a ambos, e encontrar<br />

o meio de reconhecer a tese e a antítese como sendo ambas<br />

ver<strong>da</strong>deiras. O lógico tem razão quando exige uma constituição<br />

do próprio "fenômeno dinâmico", e uma descrição<br />

do movimento pelo móbil que seguimos em seu trajeto — mas<br />

ele erra quando apresenta a identi<strong>da</strong>de do móbil como uma<br />

identi<strong>da</strong>de expressa, e ele mesmo é obrigado a reconhecê-lo.<br />

Por seu lado, quando descreve os fenômenos de modo mais<br />

próximo, o psicólogo é conduzido, contra a sua vontade, a<br />

colocar um móbil no movimento, mas ele retoma a vantagem<br />

pela maneira concreta com que concebe este móbil. Na<br />

discussão que acabamos de seguir e que nos servia para ilustrar<br />

o debate perpétuo entre a psicologia e a lógica, o que,<br />

no fundo, Wertheimer quer dizer? Ele quer dizer que a percepção<br />

do movimento não é secundária em relação à percepção<br />

do móbil, que não temos uma percepção do móbil aqui,<br />

depois ali, e em segui<strong>da</strong> uma identificação que ligaria essas

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