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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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60 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

dúvi<strong>da</strong> não mais como a causa de nossas percepções, mas como<br />

seu fim imanente. Se o mundo deve ser possível, é preciso<br />

que ele esteja implicado no primeiro esboço de consciência,<br />

como o diz tão fortemente a dedução transcendental 13 .<br />

E é por isso que a lua nunca deve parecer maior do que ela<br />

é no horizonte. A reflexão psicológica nos obriga, ao contrário,<br />

a repor o mundo exato em seu berço de consciência, a<br />

perguntarmo-nos como a própria idéia do mundo ou <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de<br />

exata é possível, a procurar seu primeiro jorro para a<br />

consciência. Quando eu olho livremente, na atitude natural,<br />

as partes do campo agem umas sobre as outras e motivam essa<br />

enorme lua no horizonte, essa grandeza sem medi<strong>da</strong> que to<strong>da</strong>via<br />

é uma grandeza. É preciso colocar a consciência em<br />

presença de sua vi<strong>da</strong> Írrefleti<strong>da</strong> nas coisas e despertá-la para<br />

sua própria história que ela esquecia; este é o ver<strong>da</strong>deiro papel<br />

<strong>da</strong> reflexão filosófica e é assim que se chega a uma ver<strong>da</strong>deira<br />

teoria <strong>da</strong> atenção.<br />

O intelectualismo propunha-se a descobrir a estrutura<br />

<strong>da</strong> percepção por reflexão, em lugar de explicá-la pelo jogo<br />

combinado entre forças associativas e a atenção, mas seu olhar<br />

sobre a percepção ain<strong>da</strong> não é direto. Nós o veremos melhor<br />

examinando o papel que a noção de juízo desempenha em sua<br />

análise. O juízo é freqüentemente introduzido como aquilo que<br />

falta à sensação para tornar possível uma percepção. A sensação não<br />

é mais suposta como elemento real <strong>da</strong> consciência. Mas, quando<br />

se quer desenhar a estrutura <strong>da</strong> percepção, isso é feito voltando<br />

ao pontilhado <strong>da</strong>s sensações. A análise encontra-se domina<strong>da</strong><br />

por essa noção empirista, se bem que ela só seja admiti<strong>da</strong><br />

como o limite <strong>da</strong> consciência e só sirva para manifestar<br />

uma potência de ligação <strong>da</strong> qual ela é o oposto. O intelectualismo<br />

vive <strong>da</strong> refutação do empirismo e nele o juízo tem<br />

freqüentemente a função de anular a dispersão possível <strong>da</strong>s<br />

sensações 14 . A análise reflexiva se estabelece levando as teses<br />

realista e empirista até as suas conseqüências, e demons-

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