12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

350 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

visão <strong>da</strong> profundi<strong>da</strong>de. A teoria <strong>da</strong> forma contribuiu justamente<br />

para mostrar que a grandeza aparente de um objeto<br />

que se distancia não varia como a imagem retiniana, e que<br />

a forma aparente de um disco que gira em torno de um de<br />

seus diâmetros não varia como se esperaria segundo a perspectiva<br />

geométrica. O objeto que se distancia diminui menos<br />

rapi<strong>da</strong>mente, o objeto que se aproxima aumenta menos<br />

rapi<strong>da</strong>mente para minha percepção do que a imagem física<br />

em minha retina. É por isso que o trem que vem em direção<br />

a nós, no cinema, aumenta muito mais do que ele o faria na<br />

reali<strong>da</strong>de. E por isso que uma colina que nos parecia alta<br />

torna-se insignificante em uma fotografia. E por isso, enfim,<br />

que um disco colocado obliquamente em relação ao nosso rosto<br />

resiste à perspectiva geométrica, como Gézanne e outros<br />

pintores o mostraram, representando de perfil um prato de<br />

sopa cujo interior permanece visível. Tiveram razão em dizer<br />

que, se as deformações perspectivas nos fossem expressamente<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong>s, não precisaríamos aprender a perspectiva. Mas<br />

a teoria <strong>da</strong> forma exprime-se como se a deformação do prato<br />

oblíquo fosse um compromisso entre a forma do prato visto<br />

de frente e a perspectiva geométrica, como se a grandeza aparente<br />

do objeto que se distancia fosse um compromisso entre<br />

sua grandeza aparente à distância do toque e aquela, muito<br />

mais fraca, que a perspectiva geométrica lhe atribuiria. Fala-se<br />

como se a constância <strong>da</strong> forma ou <strong>da</strong> grandeza fosse uma constância<br />

real, como se houvesse ali, além <strong>da</strong> imagem física do<br />

objeto na retina, uma "imagem psíquica" do mesmo objeto<br />

que permaneceria relativamente constante enquanto a perspectiva<br />

varia. Na reali<strong>da</strong>de, a "imagem psíquica" deste cinzeiro<br />

não é nem maior nem menor do que a imagem física<br />

do mesmo objeto em minha retina: não existe imagem psíquica<br />

que, como uma coisa, se possa comparar com a imagem<br />

física, que em relação a ela tenha uma grandeza determina<strong>da</strong><br />

e que forme um filtro entre mim e a coisa. Minha

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!