12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O SER-PARA-SI E O SER-NO-MUNDO 573<br />

quiri<strong>da</strong>" de uma vez por to<strong>da</strong>s que "se perpetua no ser em<br />

virtude do adquirido" 21 , eis exatamente o tempo e eis exatamente<br />

a subjetivi<strong>da</strong>de. Eis o tempo, já que um tempo que<br />

não tivesse suas raízes em um presente e, através disso, em<br />

um passado não seria mais tempo, mas eterni<strong>da</strong>de. O tempo<br />

histórico de Heidegger, que flui do porvir e que, pela decisão<br />

resoluta, antecipa<strong>da</strong>mente tem seu porvir e salva-se de uma<br />

vez por to<strong>da</strong>s <strong>da</strong> dispersão, é impossível segundo o próprio<br />

pensamento de Heidegger: pois, se o tempo é um ek-stase, se<br />

presente e passado são dois resultados desse êxtase, como deixaríamos<br />

totalmente de ver o tempo do ponto de vista do presente,<br />

e como sairíamos definitivamente do inautêntico? É<br />

sempre no presente que estamos centrados, é dele que partem<br />

nossas decisões; portanto, elas sempre podem ser postas<br />

em relação com nosso passado, nunca são sem motivo e, se<br />

elas abrem em nossa vi<strong>da</strong> um ciclo que pode ser inteiramente<br />

novo, devem ser retoma<strong>da</strong>s na seqüência, elas só nos salvam<br />

<strong>da</strong> dispersão por certo tempo. Portanto, não se pode tratar<br />

de deduzir o tempo <strong>da</strong> espontanei<strong>da</strong>de. Nós não somos<br />

temporais porque somos espontâneos e porque, enquanto consciências,<br />

nos afastamos de nós mesmos, mas ao contrário o<br />

tempo é o fun<strong>da</strong>mento e a medi<strong>da</strong> de nossa espontanei<strong>da</strong>de,<br />

a potência de ir além e de "niilizar'' que nos habita, que nós<br />

mesmos somos, ela mesma nos é <strong>da</strong><strong>da</strong> com a temporali<strong>da</strong>de<br />

e com a vi<strong>da</strong>. Nosso nascimento, ou, como diz Husserl em<br />

seus inéditos, nossa "generativi<strong>da</strong>de", fun<strong>da</strong> simultaneamente<br />

nossa ativi<strong>da</strong>de ou nossa individuali<strong>da</strong>de, e nossa passivi<strong>da</strong>de<br />

ou nossa generali<strong>da</strong>de, esta fraqueza interna que nos<br />

impede de obter alguma vez a densi<strong>da</strong>de de um indivíduo absoluto.<br />

Nós não somos, de uma maneira incompreensível,<br />

uma ativi<strong>da</strong>de junto a uma passivi<strong>da</strong>de, um automatismo dominado<br />

por uma vontade, unia perceção domina<strong>da</strong> por um<br />

juízo, mas inteiramente ativos e inteiramente passivos, porque<br />

somos o surgimento do tempo.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!