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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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158 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

po de atuali<strong>da</strong>de; no doente, ao contrário, o campo do atual<br />

limita-se àquilo que é encontrado em um contato efetivo, ou<br />

ligado a esses <strong>da</strong>dos por uma dedução explícita.<br />

A análise do "movimento abstrato" entre os doentes<br />

mostra melhor ain<strong>da</strong> esta posse do espaço, esta existência espacial<br />

que é a condição primordial de to<strong>da</strong> percepção viva.<br />

Se se prescreve ao doente que execute um movimento abstrato<br />

com os olhos fechados, ele precisa de uma série de operações<br />

preparatórias para "encontrar" o próprio membro executor,<br />

a direção ou a veloci<strong>da</strong>de do movimento e, enfim, o<br />

plano em que este se desenrolará. Se, por exemplo, ordenamlhe,<br />

sem outro detalhe, que mova o braço, primeiramente ele<br />

fica confuso. Depois, mexe todo o corpo e em segui<strong>da</strong> os movimentos<br />

se restringem ao braço, que o paciente termina por<br />

"encontrar". Se se trata de "levantar o braço", o doente deve<br />

também "encontrar" sua cabeça (que é para ele o emblema<br />

do "alto") por uma série de oscilações pendulares que continuarão<br />

enquanto durar o movimento e que fixam a sua meta.<br />

Se se pede ao paciente para que trace no ar um quadrado<br />

ou um círculo, primeiramente ele "encontra" seu braço, depois<br />

leva a mão para a frente, assim como o faz um sujeito<br />

normal para localizar uma parede no escuro, enfim ele esboça<br />

vários movimentos segundo a linha reta e segundo diferentes<br />

curvas, e, se um desses movimentos é por acaso circular,<br />

ele o termina prontamente. Além disso, ele só consegue<br />

encontrar o movimento em um certo plano que não é exatamente<br />

perpendicular ao chão e fora desse plano privilegiado<br />

não consegue nem mesmo esboçá-lo 26 . Visivelmente, o<br />

doente só dispõe de seu corpo como de uma massa amorfa<br />

na qual apenas o movimento efetivo introduz divisões e articulações.<br />

Ele confia ao seu corpo o esforço de executar o movimento,<br />

como um orador que, sem o apoio de um texto antecipa<strong>da</strong>mente<br />

escrito, não poderia dizer sequer uma palavra.<br />

O próprio doente não procura e não encontra o movi-

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