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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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262 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

Mas o nome não lhe serve mais para na<strong>da</strong>, não lhe diz mais<br />

na<strong>da</strong>, ele é estranho e absurdo, assim como são para nós os<br />

nomes que repetimos durante muito tempo 3) . Os doentes para<br />

os quais as palavras perderam seu sentido conservam por<br />

vezes, no mais alto grau, o poder de associar as idéias 32 . Portanto,<br />

o nome não se destacou <strong>da</strong>s "associações" antigas, ele<br />

se alterou como um corpo inanimado. O elo entre a palavra<br />

e seu sentido vivo não é um elo exterior de associação; o sentido<br />

habita a palavra, e a linguagem "não é um acompanhamento<br />

exterior dos processos intelectuais" 33 . Somos conduzidos<br />

então a reconhecer, como dizíamos mais acima, uma<br />

significação gestual ou existencial <strong>da</strong> fala. A linguagem tem<br />

um interior, mas esse interior não é um pensamento fechado<br />

sobre si e consciente de si. O que então exprime a linguagem,<br />

se ela não exprime pensamentos? Ela apresenta, ou antes<br />

ela é toma<strong>da</strong> de posição do sujeito no mundo de suas significações.<br />

O termo "mundo" não é aqui uma maneira de<br />

falar: ele significa que a vi<strong>da</strong> "mental" ou cultural toma de<br />

empréstimo à vi<strong>da</strong> natural as suas estruturas, e que o sujeito<br />

pensante deve ser fun<strong>da</strong>do no sujeito encarnado. O gesto fonético<br />

realiza, para o sujeito falante e para aqueles que o escutam,<br />

uma certa estrutura <strong>da</strong> experiência, uma certa modulação<br />

<strong>da</strong> existência, exatamente como um comportamento<br />

de meu corpo investe os objetos que me circun<strong>da</strong>m, para mim<br />

e para o outro, de uma certa significação. O sentido do gesto<br />

não está contido no gesto enquanto fenômeno físico ou fisiológico.<br />

O sentido <strong>da</strong> palavra não está contido na palavra enquanto<br />

som. Mas é a definição do corpo humano apropriarse,<br />

em uma série indefini<strong>da</strong> de atos descontínuos, de núcleos<br />

significativos que ultrapassam e transfiguram seus poderes naturais.<br />

Esse ato de transcendência encontra-se primeiramente<br />

na aquisição de um comportamento, depois na comunicação<br />

mu<strong>da</strong> do gesto: é pela mesma potência que o corpo se<br />

abre a uma conduta nova e faz com que testemunhos exte-

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