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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O MUNDO PERCEBIDO 359<br />

periência e transforma<strong>da</strong> em largura, uma profundi<strong>da</strong>de primordial<br />

que dá seu sentido àquela e que é a espessura de um<br />

médium sem coisa. Quando nos deixamos ser no mundo sem<br />

assumi-lo ativamente, ou nas doenças que favorecem essa atitude,<br />

os planos não se distinguem mais uns dos outros, as<br />

cores não se condensam mais em cores superficiais, elas se<br />

difundem em torno do objeto e tornam-se cores atmosféricas;<br />

o doente que escreve em uma folha de papel, por exemplo,<br />

antes de chegar ao papel precisa atravessar com sua caneta<br />

uma certa espessura de branco. Este volume varia com<br />

a cor considera<strong>da</strong>, e ele é como que a expressão de sua essência<br />

qualitativa 32 . Portanto, existe uma profundi<strong>da</strong>de que ain<strong>da</strong><br />

não tem lugar entre objetos, que, com mais razão, ain<strong>da</strong><br />

não avalia a distância de um ao outro, e que é a simples abertura<br />

<strong>da</strong> percepção a um fantasma de coisa mal qualificado.<br />

Mesmo na percepção normal, a profundi<strong>da</strong>de não se aplica<br />

primeiramente às coisas. Assim como o alto e o baixo, a direita<br />

e a esquer<strong>da</strong> não são <strong>da</strong>dos ao sujeito com os conteúdos<br />

percebidos e são constituídos a ca<strong>da</strong> momento com um nível<br />

espacial em relação ao qual as coisas se situam, <strong>da</strong> mesma<br />

maneira a profundi<strong>da</strong>de e a grandeza advêm às coisas pelo<br />

fato de que elas se situam em relação a um nível <strong>da</strong>s distâncias<br />

e <strong>da</strong>s grandezas 33 que define o longe e o perto, o grande<br />

e o pequeno, anteriormente a qualquer objeto-referência.<br />

Quando dizemos que um objeto é gigantesco ou minúsculo,<br />

que ele está distante ou próximo, freqüentemente é sem nenhuma<br />

comparação, mesmo implícita, com algum outro objeto<br />

ou mesmo com a grandeza e a posição objetiva de nosso<br />

próprio corpo, é apenas em relação a um certo "alcance" de<br />

nossos gestos, a um certo "poder" do corpo fenomenal sobre<br />

sua circunvizinhança. Se não quiséssemos reconhecer este<br />

enraizamento <strong>da</strong>s grandezas e <strong>da</strong>s distâncias, seríamos reenviados<br />

de um objeto referência a um outro, sem compreender<br />

nunca como pode haver aqui distâncias ou grandezas pa-

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