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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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o CORPO 129<br />

fatos, que a indução científica se limita a justapor, ligam-se<br />

interiormente e compreendem-se sob uma mesma idéia. Se<br />

o homem não deve ser encerrado na ganga do meio circun<strong>da</strong>nte<br />

sincrético em que o animal vive como em estado de êxtase,<br />

se ele deve ter consciência de um mundo como razão<br />

comum de todos os meios circun<strong>da</strong>ntes e teatro de todos os<br />

comportamentos, é preciso que entre ele mesmo e aquilo que<br />

chama de sua ação se estabeleça uma distância, é preciso que,<br />

como dizia Malebranche, os estímulos do exterior só o afetem<br />

com "respeito", que ca<strong>da</strong> situação momentânea deixe<br />

de ser para ele a totali<strong>da</strong>de do ser, que ca<strong>da</strong> resposta particular<br />

deixe de ocupar todo o seu campo prático, que a elaboração<br />

dessas respostas, em lugar de se fazer no centro de sua<br />

existência, se passe na periferia e que enfim as próprias respostas<br />

não exijam mais a ca<strong>da</strong> vez uma toma<strong>da</strong> de posição<br />

singular e sejam desenha<strong>da</strong>s de uma vez por to<strong>da</strong>s em sua<br />

generali<strong>da</strong>de. Assim, é renunciando a uma parte de sua espontanei<strong>da</strong>de,<br />

engajando-se no mundo por órgãos estáveis e<br />

circuitos preestabelecidos que o homem pode adquirir o espaço<br />

mental e prático que em princípio o libertará de seu meio<br />

circun<strong>da</strong>nte e fará com que ele o veja. E, sob a condição de<br />

recolocar na ordem <strong>da</strong> existência até mesmo a toma<strong>da</strong> de consciência<br />

de um mundo objetivo, não encontraremos mais contradição<br />

entre ela e o condicionamento corporal: <strong>da</strong>r-se um<br />

corpo habitual é uma necessi<strong>da</strong>de interna para a existência<br />

mais integra<strong>da</strong>. O que nos permite tornar a ligar o "fisiológico"<br />

e o "psíquico" um ao outro é o fato de que, reintegrados<br />

à existência, eles não se distinguem mais como a ordem<br />

do em si e a ordem do para si, e de que são ambos orientados<br />

para um pólo intencional ou para um mundo. Sem dúvi<strong>da</strong>,<br />

as duas histórias nunca se recobrem inteiramente: uma é banal<br />

e cíclica, a outra pode ser aberta e singular, e seria preciso<br />

reservar o termo história para a segun<strong>da</strong> ordem de fenômenos<br />

se a história fosse uma seqüência de acontecimentos

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