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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O CORPO 177<br />

e em ca<strong>da</strong> doença, e que através disso nos dão pelo menos<br />

a ilusão de um saber efetivo. A patologia moderna mostra<br />

que não existe distúrbio rigorosamente eletivo, mas mostra<br />

também que ca<strong>da</strong> distúrbio é matizado de acordo com a região<br />

do comportamento que ele principalmente acomete 62 .<br />

Mesmo se to<strong>da</strong> afasia, observa<strong>da</strong> bem de perto, comporta distúrbios<br />

gnósicos e práxicos, to<strong>da</strong> apraxia comporta distúrbios<br />

<strong>da</strong> linguagem e <strong>da</strong> percepção, to<strong>da</strong> agnosia comporta distúrbios<br />

<strong>da</strong> linguagem e <strong>da</strong> ação, resta que aqui o centro dos distúrbios<br />

está na zona <strong>da</strong> linguagem, ali na zona <strong>da</strong> percepção<br />

e alhures na zona <strong>da</strong> ação. Quando em todos os casos se põe<br />

em causa a função simbólica, caracteriza-se bem a estrutura<br />

comum aos diferentes distúrbios, mas essa estrutura não deve<br />

ser destaca<strong>da</strong> dos materiais em que a ca<strong>da</strong> vez ela se realiza,<br />

senão eletivamente, pelo menos principalmente. Afinal<br />

de contas, o distúrbio de Schn. não é em primeiro lugar metafísico,<br />

foi uma explosão de obus que o feriu na região occipital;<br />

as deficiências visuais são acentua<strong>da</strong>s; como o dissemos,<br />

seria absurdo explicar to<strong>da</strong>s as outras por aquelas como por<br />

sua causa, mas não seria menos absurdo pensar que a explosão<br />

de obus se chocou com a consciência simbólica. Nele o<br />

Espírito foi atingido pela visão. Enquanto não se tiver encontrado<br />

o meio de unir a origem com a essência ou com o sentido<br />

do distúrbio, enquanto não se tiver definido uma essência<br />

concreta, uma estrutura <strong>da</strong> doença que exprima ao mesmo tempo<br />

sua generali<strong>da</strong>de e sua particulari<strong>da</strong>de, enquanto a fenomenologia<br />

não se tiver tornado fenomenologia genética, os<br />

retornos ofensivos do pensamento causai e do naturalismo permanecerão<br />

justificados. Nosso problema então se precisa.<br />

Trata-se para nós de conceber, entre os conteúdos lingüístico,<br />

perceptivo, motor e a forma que eles recebem ou a função<br />

simbólica que os anima, uma relação que não seja nem<br />

a redução <strong>da</strong> forma ao conteúdo, nem a subsunção do conteúdo<br />

a uma forma autônoma. E preciso que compreen<strong>da</strong>-

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