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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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556 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

Ias relações que ela estabelece entre ele, o passado e o porvir.<br />

Mas justamente uma consciência assim libera<strong>da</strong> não perdeu<br />

qualquer noção <strong>da</strong>quilo que pode ser porvir, passado e até<br />

mesmo presente? O tempo que ela constitui não é em todos<br />

os pontos semelhante ao tempo real do qual mostramos a impossibili<strong>da</strong>de,<br />

ele não é ain<strong>da</strong> uma série de "agoras", e que<br />

não se apresenta a ninguém, já que ninguém está envolvido<br />

nele? Não estamos sempre igualmente longe de compreender<br />

o que podem ser o porvir, o passado, o presente e a passagem<br />

de um ao outro? O tempo enquanto objeto imanente<br />

de uma consciência é um tempo nivelado, em outros termos<br />

ele não é mais tempo. Só pode haver tempo se ele não está<br />

completamente desdobrado, se passado, presente e porvir não<br />

são no mesmo sentido. E essencial ao tempo fazer-se e não<br />

ser, nunca estar completamente constituído. O tempo constituído,<br />

a série <strong>da</strong>s relações possíveis segundo o antes e o depois<br />

não é o próprio tempo, é seu registro final, é o resultado<br />

de sua passagem que o pensamento objetivo sempre pressupõe<br />

e não consegue apreender. Ele é espaço, já que seus momentos<br />

coexistem diante do pensamento 3 , é presente, já que a<br />

consciência é contemporânea de todos os tempos. Ele é um<br />

ambiente distinto de mim e imóvel em que na<strong>da</strong> passa e na<strong>da</strong><br />

se passa. Deve haver um outro tempo, o ver<strong>da</strong>deiro, em<br />

que eu apreen<strong>da</strong> aquilo que é a passagem ou o próprio trânsito.<br />

E ver<strong>da</strong>de que eu não poderia perceber posição temporal<br />

sem um antes e um depois, que, para aperceber a relação<br />

dos três termos, é preciso que eu não me confun<strong>da</strong> com nenhum<br />

deles, e que o tempo, enfim, tem necessi<strong>da</strong>de de uma<br />

síntese. Mas é igualmente ver<strong>da</strong>de que esta síntese está sempre<br />

para se recomeçar e que se nega o tempo supondo-a acaba<strong>da</strong><br />

em algum lugar. É exatamente o sonho dos filósofos conceber<br />

uma "eterni<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>", para além do permanente<br />

e do mutante, em que a produtivi<strong>da</strong>de do tempo esteja eminentemente<br />

conti<strong>da</strong>, mas uma consciência tética do tempo,

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