12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O MUNDO PERCEBIDO 411<br />

perder sua quali<strong>da</strong>de de superfície colori<strong>da</strong> 11 . Mais uma vez,<br />

esses dois modos de aparição <strong>da</strong> cor figuram ambos nas experiências<br />

dos psicólogos, em que aliás são freqüentemente<br />

confundidos. Mas existem muitos outros dos quais os psicólogos<br />

durante muito tempo não falaram, a cor dos corpos<br />

transparentes, que ocupa as três dimensões do espaço (Raumfarbe)<br />

— o reflexo (Glanz) — a cor ardente (Glühen) — a cor<br />

irradiante (Leuchten) e em geral a cor <strong>da</strong> iluminação, que se<br />

confunde tão pouco com a <strong>da</strong> fonte luminosa que o pintor<br />

pode representar a primeira pela repartição <strong>da</strong>s sombras e <strong>da</strong>s<br />

luzes sobre os objetos, sem representar a segun<strong>da</strong> 12 . O prejuízo<br />

é acreditar que se trata ali de diferentes arranjos de uma<br />

percepção <strong>da</strong> cor em si mesma invariável, de diferentes formas<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong>s a uma mesma matéria sensível. Na reali<strong>da</strong>de, temos<br />

diferentes funções <strong>da</strong> cor em que a pretensa matéria desaparece<br />

absolutamente, já que a enformação é obti<strong>da</strong> por<br />

uma mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong>s próprias proprie<strong>da</strong>des sensíveis. Em particular,<br />

a distinção entre a iluminação e a cor própria do objeto<br />

não resulta de uma análise intelectual, não é a imposição<br />

de significações nocionais a uma matéria sensível, é uma<br />

certa organização <strong>da</strong> própria cor, o estabelecimento de uma<br />

estrutura iluminação-coisa ilumina<strong>da</strong> que precisamos descrever<br />

mais de perto se queremos compreender a constância <strong>da</strong><br />

cor própria 13 .<br />

Um papel azul à luz do gás parece azul. E to<strong>da</strong>via, se<br />

o consideramos no fotômetro, espantamo-nos em perceber que<br />

ele envia ao olho a mesma mistura de raios que um papel pardo<br />

à luz do dia 14 . Uma parede branca fracamente ilumina<strong>da</strong>,<br />

que na visão livre aparece como branca (com as reservas<br />

feitas acima), aparece cinza-azula<strong>da</strong> se a percebemos através<br />

<strong>da</strong> janela de um anteparo que nos esconde a fonte luminosa.<br />

O pintor obtém o mesmo resultado sem anteparo, e chega<br />

a ver as cores tais como a quanti<strong>da</strong>de e a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> luz<br />

refleti<strong>da</strong> as determinam, sob a condição de isolá-las <strong>da</strong> cir-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!