12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O CORPO 181<br />

mente remonta até o fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> predicação, encontra<br />

atrás do juízo de inerência o juízo de relação, atrás <strong>da</strong> subsunção,<br />

enquanto operação mecânica e formal, o ato categorial<br />

pelo qual o pensamento investe o sujeito do sentido que<br />

se exprime no predicado. Assim, nossa crítica <strong>da</strong> função categorial<br />

só teria como resultado revelar, atrás do uso empírico<br />

<strong>da</strong> categoria, um uso transcendental sem o qual com efeito<br />

o primeiro é incompreensível. To<strong>da</strong>via, a distinção entre<br />

o uso empírico e o uso transcendental mais mascara a dificul<strong>da</strong>de<br />

do que a resolve. A filosofia criticista duplica as operações<br />

empíricas do pensamento com uma ativi<strong>da</strong>de transcendental<br />

que ela encarrega de realizar to<strong>da</strong>s as sínteses <strong>da</strong>s<br />

quais o pensamento empírico apresenta o reflexo. Mas, quando<br />

atualmente penso algo, a garantia de uma síntese intemporal<br />

não é suficiente e nem mesmo necessária para fun<strong>da</strong>r<br />

meu pensamento. É agora, é no presente vivo que é preciso<br />

efetuar a síntese; de outra maneira o pensamento estaria cortado<br />

de suas premissas transcendentais. Quando penso, não<br />

se pode dizer então que eu me recoloco no sujeito eterno que<br />

nunca deixei de ser, pois o ver<strong>da</strong>deiro sujeito do pensamento<br />

é aquele que efetua a conversão e a retoma<strong>da</strong> atual, e é ele<br />

quem comunica sua vi<strong>da</strong> ao fantasma intemporal. Portanto,<br />

precisamos compreender como o pensamento temporal amarra-se<br />

a si mesmo e realiza sua própria síntese. Se o sujeito<br />

normal compreende imediatamente que a relação do olho à<br />

visão é a mesma que a relação do ouvido à audição, é porque<br />

o olho e o ouvido lhe são imediatamente <strong>da</strong>dos como meios<br />

de acesso a um mesmo mundo, é porque ele tem a evidência<br />

antepredicativa de um mundo único, de modo que a equivalência<br />

entre os "órgãos dos sentidos" e sua analogia se lê<br />

nas coisas e pode ser vivi<strong>da</strong> antes de ser concebi<strong>da</strong>. O sujeito<br />

kantiano põe um mundo, mas, para poder afirmar uma ver<strong>da</strong>de,<br />

o sujeito efetivo precisa primeiramente ter um mundo<br />

ou ser no mundo, quer dizer, manter em torno de si um

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!