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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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210 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

cação sem abandonar seu lugar temporal e espacial. É nesse<br />

sentido que nosso corpo é comparável à obra de arte. Ele é<br />

um nó de significações vivas e não a lei de um certo número<br />

de termos co-variantes. Uma certa experiência tátil do braço<br />

significa uma certa experiência tátil do antebraço e dos ombros,<br />

um certo aspecto visual do mesmo braço, não que as<br />

diferentes percepções táteis, as percepções táteis e as percepções<br />

visuais participem to<strong>da</strong>s de um mesmo braço inteligível,<br />

como as visões perspectivas de um cubo <strong>da</strong> idéia do cubo,<br />

mas porque o braço visto e o braço tocado, como os diferentes<br />

segmentos do braço, fazem, em conjunto, um mesmo<br />

gesto.<br />

Do mesmo modo que acima o hábito motor esclarecia<br />

a natureza particular do espaço corporal, aqui o hábito em<br />

geral permite compreender a síntese geral do corpo próprio.<br />

E, do mesmo modo que a análise <strong>da</strong> espaciali<strong>da</strong>de corporal<br />

antecipava a análise <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de do corpo próprio, agora podemos<br />

estender a todos os hábitos o que dissemos dos hábitos<br />

motores. Na ver<strong>da</strong>de, todo hábito é ao mesmo tempo motor<br />

e perceptivo, porque, como dissemos, reside, entre e percepção<br />

explícita e o movimento efetivo, nesta função fun<strong>da</strong>mental<br />

que delimita ao mesmo tempo nosso campo de visão<br />

e nosso campo de ação. A exploração dos objetos com uma<br />

bengala, que há pouco apresentávamos como um exemplo de<br />

hábito motor, também é um exemplo de hábito perceptivo.<br />

Quando a bengala se torna um instrumento familiar, o mundo<br />

dos objetos táteis recua e não mais começa na epiderme<br />

<strong>da</strong> mão, mas na extremi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> bengala. E-se tentado a dizer<br />

que, através <strong>da</strong>s sensações produzi<strong>da</strong>s pela pressão <strong>da</strong> bengala<br />

na mão, o cego constrói a bengala e suas diferentes posições,<br />

depois que estas, por sua vez, medeiam um objeto à<br />

segun<strong>da</strong> potência, o objeto externo. A percepção seria sempre<br />

uma leitura dos mesmos <strong>da</strong>dos sensíveis, ela apenas se<br />

faria ca<strong>da</strong> vez mais rapi<strong>da</strong>mente, a partir de signos ca<strong>da</strong> vez

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