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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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178 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

mos ao mesmo tempo como a doença de Schn. extravasa por<br />

todos os lados os conteúdos particulares de sua experiência<br />

— visuais, táteis, motores — e como to<strong>da</strong>via ela só acomete<br />

a função simbólica através dos materiais privilegiados <strong>da</strong> visão.<br />

Os sentidos e, em geral, o corpo próprio apresentam o<br />

mistério de um conjunto que, sem abandonar sua eccei<strong>da</strong>de<br />

e sua particulari<strong>da</strong>de, emite, para além de si mesmo, significações<br />

capazes de fornecer sua armação a to<strong>da</strong> uma série de<br />

pensamentos e de experiências. Se o distúrbio de Schn. concerne<br />

à motrici<strong>da</strong>de e ao pensamento tanto quanto à percepção,<br />

resta que no pensamento ele atinge sobretudo o poder<br />

de apreender os conjuntos simultâneos, na motrici<strong>da</strong>de o de<br />

sobrevoar o movimento e de projetá-lo no exterior. Portanto,<br />

de alguma maneira é o espaço mental e o espaço prático<br />

que estão destruídos ou deteriorados, e as próprias palavras<br />

indicam suficientemente a genealogia visual do distúrbio. O<br />

distúrbio visual não é a causa dos outros distúrbios e, em particular,<br />

<strong>da</strong>quele do pensamento. Mas também não é uma simples<br />

conseqüência deles. Os conteúdos visuais não são a causa<br />

<strong>da</strong> função de projeção, mas a visão também não é uma<br />

simples ocasião para o Espírito desdobrar um poder em si mesmo<br />

incondicionado. Os conteúdos visuais são retomados, utilizados,<br />

sublimados no plano do pensamento por uma potência<br />

simbólica que os ultrapassa, mas é sobre a base <strong>da</strong> visão<br />

que essa potência pode constituir-se. A relação entre a matéria<br />

e a forma é aquela que a fenomenologia chama de relação<br />

de Fundierung: a função simbólica repousa na visão como em<br />

um solo, não que a visão seja sua causa, mas porque é este<br />

dom <strong>da</strong> natureza que o Espírito precisava utilizar para além<br />

de to<strong>da</strong> esperança, ao qual ele devia <strong>da</strong>r ura sentido radicalmente<br />

novo e do qual to<strong>da</strong>via ele tinha necessi<strong>da</strong>de não apenas<br />

para se encarnar, mas ain<strong>da</strong> para ser. A forma integra<br />

a si o conteúdo a tal ponto que, finalmente, ele parece um<br />

simples modo dela mesma, e as preparações históricas do pen-

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