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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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368 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

posições na sucessão 44 , que sua diversi<strong>da</strong>de não é subsumi<strong>da</strong><br />

a uma uni<strong>da</strong>de transcendente e que, enfim, a identi<strong>da</strong>de<br />

do móbil flui diretamente "<strong>da</strong> experiência" 45 . Em outros termos,<br />

quando o psicólogo fala do movimento como de um fenômeno<br />

que envolve o ponto de parti<strong>da</strong> A e o ponto de chega<strong>da</strong><br />

B (AB), ele não quer dizer que não há nenhum sujeito<br />

do movimento, mas que em caso algum o sujeito do movimento<br />

é um objeto A primeiramente <strong>da</strong>do como presente em<br />

seu lugar e estacionário: enquanto existe movimento, o móbil<br />

é apreendido no movimento. Sem dúvi<strong>da</strong>, o psicólogo concor<strong>da</strong>ria<br />

com o fato de que em todo movimento há, se não<br />

um móbil, pelo menos um movente, sob a condição de que não<br />

se confun<strong>da</strong> este movente com nenhuma <strong>da</strong>s figuras estáticas<br />

que se podem obter detendo o movimento em um ponto qualquer<br />

do trajeto. E é aqui que ele ganha vantagem sobre o lógico.<br />

Pois, por não ter retomado contato com a experiência<br />

do movimento fora de todo prejuízo referente ao mundo, o<br />

lógico só fala do movimento em si, põe o problema do movimento<br />

em termos de ser, o que finalmente o torna insolúvel.<br />

Sejam, diz ele, as diferentes aparições {Erscheinungen) do movimento<br />

em diferentes pontos do trajeto, elas só serão aparições<br />

de um mesmo movimento se forem aparições de um mesmo<br />

móbil, de um mesmo Erscheinende, de um mesmo algo que<br />

se expõe (<strong>da</strong>rstelli) através de to<strong>da</strong>s elas. Mas o móbil só precisa<br />

ser posto como um ser à parte se suas aparições em diferentes<br />

pontos do percurso foram elas mesmas realiza<strong>da</strong>s como<br />

perspectivas discretas. Por princípio, o lógico só conhece<br />

a consciência tética, e é esse postulado, essa suposição de um<br />

mundo inteiramente determinado, de um ser puro, que prejudica<br />

sua concepção do múltiplo e, por conseguinte, sua concepção<br />

<strong>da</strong> síntese. O móbil, ou antes, como dissemos, o movente,<br />

não é idêntico sob as fases do movimento, ele é idêntico<br />

nelas. Não é porque reencontro a mesma pedra no chão<br />

que acredito em sua identi<strong>da</strong>de no curso do movimento. Ao

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