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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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162 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

ao meu bel-prazer, para traçar no ar um movimento que só<br />

é definido por uma ordem verbal ou por necessi<strong>da</strong>des morais,<br />

é preciso também que eu inverta a relação natural entre<br />

o corpo e a circunvizinhança e que apareça uma produtivi<strong>da</strong>de<br />

humana através <strong>da</strong> espessura do ser.<br />

E nesses termos que se pode descrever o distúrbio de movimentos<br />

que nos interessa. Mas talvez se considere que essa<br />

descrição, como freqüentemente o disseram <strong>da</strong> psicanálise 32 ,<br />

só nos mostra o sentido ou a essência <strong>da</strong> doença e não nos apresenta<br />

sua causa. A ciência só começaria com a explicação que<br />

deve investigar, abaixo dos fenômenos, as condições <strong>da</strong>s quais<br />

eles dependem, segundo os métodos provados <strong>da</strong> indução.<br />

Aqui, por exemplo, sabemos que os distúrbios motores de<br />

Schn. coincidem com distúrbios densos <strong>da</strong> função visual, eles<br />

mesmos ligados ao ferimento occipital que está na origem <strong>da</strong><br />

doença. Apenas pela visão, Schn. não reconhece nenhum<br />

objeto 33 . Seus <strong>da</strong>dos visuais são manchas quase informes 34 .<br />

Quanto aos objetos ausentes, ele é incapaz de formar para si<br />

uma representação visual deles 35 . Sabe-se, por outro lado,<br />

que os movimentos "abstratos" se tornam possíveis para o<br />

paciente a partir do momento em que ele fixa com os olhos<br />

o membro encarregado de executá-los 36 . Assim, o que resta<br />

de motrici<strong>da</strong>de voluntária apóia-se no que resta de conhecimento<br />

visual. Os célebres métodos de Mill nos permitiriam<br />

concluir aqui que os movimentos abstratos e o Zeigen dependem<br />

do poder de representação visual, e que os movimentos<br />

concretos conservados pelo doente, como também os movimentos<br />

imitativos pelos quais ele compensa a pobreza dos <strong>da</strong>dos<br />

visuais, dependem do sentido cinestésico ou tátil, com efeito<br />

notavelmente apurado em Schn. A distinção entre o movimento<br />

concreto e o movimento abstrato, assim como a distinção<br />

entre o Greifen e o Zeigen, se deixaria reduzir à distância clássica<br />

entre o tátil e o visual, e a função de projeção ou de evocação,<br />

que há pouco evidenciamos, à percepção e à representação<br />

visuais 37 .

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