12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

PREFÁCIO 11<br />

nossas reflexões têm lugar no fluxo temporal que elas procuram<br />

captar (porque elas sich einstromen, como diz Husserl), não<br />

existe pensamento que abarque todo o nosso pensamento. O<br />

filósofo, dizem ain<strong>da</strong> os inéditos, é alguém que perpetuamente<br />

começa. Isso significa que ele não considera como adquirido<br />

na<strong>da</strong> do que os homens ou os cientistas acreditam saber. Isso<br />

também significa que a filosofia não deve considerar-se a si<br />

mesma como adquiri<strong>da</strong> naquilo que ela pôde dizer de ver<strong>da</strong>deiro,<br />

que ela é uma experiência renova<strong>da</strong> de seu próprio começo,<br />

que to<strong>da</strong> ela consiste em descrever este começo e, enfim,<br />

que a reflexão radical é consciência de sua própria dependência<br />

em relação a uma vi<strong>da</strong> irrefleti<strong>da</strong> que é sua situação<br />

inicial, constante e final. Longe de ser, como se acreditou,<br />

a fórmula de uma filosofia idealista, a redução fenomenológica<br />

é a fórmula de uma filosofia existencial: o "In-der-<br />

Welt-Sein" de Heidegger só se manifesta sobre o fundo <strong>da</strong><br />

redução fenomenológica.<br />

Um mal-entendido do mesmo gênero confunde a noção<br />

<strong>da</strong>s "essências" em Husserl. To<strong>da</strong> redução, diz Husserl, ao<br />

mesmo tempo em que é transcendental, é necessariamente<br />

eidética. Isso significa que não podemos submeter nossa percepção<br />

do mundo ao olhar filosófico sem deixarmos de nos<br />

unir a essa tese do mundo, a esse interesse pelo mundo que<br />

nos define, sem recuarmos para aquém de nosso engajamento<br />

para fazer com que ele mesmo apareça como espetáculo,<br />

sem passarmos do fato de nossa existência à natureza de nossa<br />

existência, do Dasein ao Wesen. Mas é claro que aqui a essência<br />

não é a meta, que ela é um meio, que nosso engajamento<br />

efetivo no mundo é justamente aquilo que é preciso compreender<br />

e conduzir ao conceito e que polariza to<strong>da</strong>s as nossas fixações<br />

conceituais. A necessi<strong>da</strong>de de passar pelas essências<br />

não significa que a filosofia as tome por objeto, mas, ao con-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!