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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O MUNDO PERCEBIDO 419<br />

deveriam ser, levando em conta a iluminação do lugar. Se<br />

se faz uma lâmpa<strong>da</strong> girar em torno de um busto mantendo-a<br />

em distância constante, mesmo quando a própria lâmpa<strong>da</strong><br />

é invisível nós percebemos a rotação <strong>da</strong> fonte luminosa no<br />

complexo <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças de iluminação e de cor, que são as<br />

únicas <strong>da</strong><strong>da</strong>s 29 . Há portanto uma "lógica <strong>da</strong> iluminação" 30 ,<br />

ou ain<strong>da</strong> uma "síntese <strong>da</strong> iluminação" 31 , uma compossibili<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong>s partes do campo visual que se pode explicitar em<br />

proposições disjuntivas, por exemplo se o pintor quer justificar<br />

seu quadro diante do crítico de arte, mas que em primeiro<br />

lugar é vivi<strong>da</strong> como consistência do quadro ou reali<strong>da</strong>de<br />

do espetáculo. Mais: há uma lógica total do quadro ou do<br />

espetáculo, uma coerência senti<strong>da</strong> <strong>da</strong>s cores, <strong>da</strong>s formas espaciais<br />

e do sentido do objeto. Um quadro em uma galeria<br />

de pintura, visto na distância conveniente, tem sua iluminação<br />

interior que dá a ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s manchas de cores não<br />

apenas o seu valor colorante, mas ain<strong>da</strong> um certo valor representativo.<br />

Visto de muito perto, ele cai sob a iluminação<br />

dominante na galeria, e as cores "agora não agem mais representativamente,<br />

elas não nos dão mais a imagem de certos<br />

objetos, elas agem como tinta cal em uma tela" 32 . Se,<br />

diante de uma paisagem de montanha, assumimos a atitude<br />

crítica que isola uma parte do campo, a própria cor mu<strong>da</strong>,<br />

e este verde, que era um verde-de-prado, isolado do contexto<br />

perde sua espessura e sua cor ao mesmo tempo em que seu<br />

valor representativo 33 . Uma cor nunca é simplesmente cor,<br />

mas cor de um certo objeto, e o azul de um tapete não seria<br />

o mesmo azul se ele não fosse um azul lanoso. As cores do<br />

campo visual, vimos há pouco, formam um sistema ordenado<br />

em torno de uma dominante que é a iluminação toma<strong>da</strong><br />

como nível. Entrevemos agora um sentido mais profundo <strong>da</strong><br />

organização do campo: não são apenas as cores, mas ain<strong>da</strong><br />

os caracteres geométricos, todos os <strong>da</strong>dos sensoriais, e a significação<br />

dos objetos, que formam um sistema, nossa percep-

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