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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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590 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

Ias em todos os sujeitos psicofisicos cuja organização é semelhante<br />

à minha. É isso que faz com que, como a Gestalttheorie<br />

o mostrou, para mim existam formas privilegia<strong>da</strong>s, que também<br />

o são para todos os outros homens, e que podem <strong>da</strong>r<br />

lugar a uma ciência psicológica e a leis rigorosas. O conjunto<br />

dos pontos:<br />

é sempre percebido como "seis pares de pontos dois milímetros<br />

distanciados", tal figura sempre percebi<strong>da</strong> como um<br />

cubo, tal outra como um mosaico plano 5 . Tudo se passa como<br />

se, aquém de nosso juízo e de nossa liber<strong>da</strong>de, alguém<br />

afetasse tal sentido a tal constelação <strong>da</strong><strong>da</strong>. É ver<strong>da</strong>de que as<br />

estruturas perceptivas não se impõem sempre: algumas são<br />

ambíguas. Mas elas nos revelam melhor ain<strong>da</strong> a presença em<br />

nós de uma valorização espontânea: pois elas são figuras flutuantes<br />

que propõem alterna<strong>da</strong>mente diferentes significações.<br />

Ora, uma pura consciência pode tudo, salvo ignorar ela mesma<br />

suas intenções, e uma liber<strong>da</strong>de absoluta não pode escolher-se<br />

hesitante, já que isso significa deixar-se solicitar por<br />

vários lados, e já que por hipótese os possíveis devendo à liber<strong>da</strong>de<br />

tudo aquilo que têm de força, o peso que ela dá a<br />

um deles é por isso mesmo subtraído aos outros. Podemos<br />

desagregar uma forma olhando-a em sentido contrário, mas<br />

porque a liber<strong>da</strong>de utiliza o olhar e suas valorizações espontâneas.<br />

Sem elas, não teríamos um mundo, quer dizer, um<br />

conjunto de coisas que emergem do informe propondo-se ao<br />

nosso corpo como "para tocar", "para pegar", "para transpor",<br />

nunca teríamos consciência de nos ajustarmos às coisas<br />

e de alcançá-las ali onde elas estão, para além de nós, teríamos<br />

apenas consciência de pensar rigorosamente os objetos<br />

imanentes de nossas intenções, não seríamos no mundo,<br />

nós mesmos implicados no espetáculo e por assim dizer misturados<br />

às coisas, teríamos apenas a representação de um uni-

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