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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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CAPITULO III<br />

A "ATENÇÃO" E O "JUÍZO'<br />

A discussão dos prejuízos clássicos foi conduzi<strong>da</strong> até aqui<br />

contra o empirismo. Na reali<strong>da</strong>de, não é apenas o empirismo<br />

que nós visamos. E preciso mostrar agora que sua antítese<br />

intelectualista situa-se no mesmo terreno que ele. Um e outro<br />

tomam por objeto de análise o mundo objetivo, que não<br />

é primeiro nem segundo o tempo nem segundo seu sentido;<br />

um e outro são incapazes de exprimir a maneira particular<br />

pela qual a consciência perceptiva constitui seu objeto. Ambos<br />

guar<strong>da</strong>m distância a respeito <strong>da</strong> percepção, em lugar de<br />

aderir a ela.<br />

Poder-se-ia mostrá-lo estu<strong>da</strong>ndo a história do conceito<br />

de atenção. Ele se deduz, para o empirismo, <strong>da</strong> "hipótese de<br />

constância'', quer dizer, como nós o explicamos, <strong>da</strong> priori<strong>da</strong>de<br />

do mundo objetivo. Mesmo se aquilo que percebemos não<br />

corresponde às proprie<strong>da</strong>des objetivas do estímulo, a hipótese<br />

de constância obriga a admitir que as "sensações normais"<br />

já estão ali. É preciso então que elas estejam despercebi<strong>da</strong>s,<br />

e chamar-se-á de atenção a função que as revela, assim como<br />

um projetor ilumina objetos preexistentes na sombra. O ato<br />

de atenção então não cria na<strong>da</strong>, e é um milagre natural, como<br />

dizia mais ou menos Malebranche, que faz jorrar justa-

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