12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O CORPO 215<br />

Io desaparecimento <strong>da</strong>s representações visuais? Mas dificilmente<br />

se sustentaria que não há aqui nenhuma representação<br />

tátil dos atos sexuais, e portanto restaria compreender por<br />

que em Schn. as estimulações táteis, e não apenas as percepções<br />

visuais, perderam muito de sua significação sexual. Se<br />

agora queremos supor um desfalecimento geral <strong>da</strong> representação,<br />

tanto tátil quanto visual, seria preciso então descrever<br />

o aspecto concreto que essa deficiência inteiramente formal<br />

assume no domínio <strong>da</strong> sexuali<strong>da</strong>de. Pois afinal a rari<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s<br />

poluções, por exemplo, não se explica pela fraqueza <strong>da</strong>s representações,<br />

que são antes seu efeito do que sua causa, e parece<br />

indicar uma alteração <strong>da</strong> própria vi<strong>da</strong> sexual. Suporemos<br />

algum enfraquecimento dos reflexos sexuais normais ou<br />

dos estados de prazer? Mas esse caso seria antes próprio para<br />

mostrar que não existem reflexos sexuais nem puro estado<br />

de prazer. Pois, lembremo-nos, todos os distúrbios de Schn.<br />

resultam de um ferimento circunscrito à esfera occipital. Se<br />

no homem a sexuali<strong>da</strong>de fosse um aparelho reflexo autônomo,<br />

se o objeto sexual viesse afetar algum órgão do prazer<br />

anatomicamente definido, o ferimento cerebral deveria ter como<br />

efeito liberar esses automatismos e traduzir-se em um comportamento<br />

sexual acentuado. A patologia põe em evidência,<br />

entre o automatismo e a representação, uma zona vital em<br />

que se elaboram as possibili<strong>da</strong>des sexuais do doente, assim<br />

como acima suas possibili<strong>da</strong>des motoras, perceptivas e até<br />

mesmo suas possibili<strong>da</strong>des intelectuais. É preciso que exista,<br />

imanente à vi<strong>da</strong> sexual, uma função que assegure seu desdobramento,<br />

e que a extensão normal <strong>da</strong> sexuali<strong>da</strong>de repouse<br />

sobre as potências internas do sujeito orgânico. É preciso que<br />

exista um Eros ou uma Libido que animem um mundo original,<br />

dêem valor ou significação sexuais aos estímulos exteriores<br />

e esbocem, para ca<strong>da</strong> sujeito, o uso que ele fará de seu<br />

corpo objetivo. É a própria estrutura <strong>da</strong> percepção ou <strong>da</strong> experiência<br />

erótica que está altera<strong>da</strong> em Schn. No normal, um

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!