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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O MUNDO PERCEBIDO 317<br />

métrica em um segmento de espaço visual, ela é a apresentação<br />

de um comportamento e de um movimento lingüístico<br />

em sua plenitude dinâmica." 67 Quer se trate de perceber palavras<br />

ou, mais geralmente, objetos, "há uma certa atitude<br />

corporal, um modo específico de tensão dinâmica que é necessária<br />

para estruturar a imagem; o homem enquanto totali<strong>da</strong>de<br />

dinâmica deve enformar-se a si mesmo para traçar uma<br />

figura em seu campo visual enquanto parte do organismo psicofísico"<br />

68 . Em suma, meu corpo não é apenas um objeto<br />

entre todos os outros objetos, um complexo de quali<strong>da</strong>des entre<br />

outros, ele é um objeto sensível a todos os outros, que ressoa<br />

para todos os sons, vibra para to<strong>da</strong>s as cores, e que fornece<br />

às palavras a sua significação primordial através <strong>da</strong> maneira<br />

pela qual ele as acolhe. Não se trata aqui de reduzir<br />

a significação <strong>da</strong> palavra "quente" a sensações de calor, segundo<br />

as fórmulas empiristas. Pois o calor que sinto lendo<br />

a palavra "quente" não é um calor efetivo. Ele é apenas o<br />

meu corpo que se prepara para o calor e que desenha, por<br />

assim dizer, a sua forma. Da mesma maneira, quando nomeiam<br />

diante de mim uma parte de meu corpo, ou quando<br />

eu represento para mim, sinto no ponto correspondente uma<br />

quase-sensação de contato, que é apenas a emergência dessa<br />

parte de meu corpo no esquema corporal total. Portanto, nós<br />

não reduzimos a significação <strong>da</strong> palavra e nem mesmo a significação<br />

do percebido a uma soma de "sensações corporais",<br />

mas dizemos que o corpo, enquanto tem "condutas", é este<br />

estranho objeto que utiliza suas próprias partes como simbólica<br />

geral do mundo, e através do qual, por conseguinte, podemos<br />

"freqüentar" este mundo, "compreendê-lo" e encontrar<br />

uma significação para ele.<br />

Tudo isso, dir-se-á, tem sem dúvi<strong>da</strong> algum valor como<br />

descrição <strong>da</strong> aparência. Mas ô que nos importa se, no final<br />

<strong>da</strong>s contas, essas descrições não querem dizer na<strong>da</strong> que se<br />

possa pensar e se a reflexão os convence do não-senso? No

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