12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O CORPO 155<br />

tronco em relação à vertical. Em caso de movimento passivo,<br />

o paciente sente que existe movimento sem poder dizer<br />

qual movimento e em qual direção. Aqui novamente ele recorre<br />

a movimentos ativos. O doente conclui sua posição deita<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> pressão do colchão em suas costas, sua posição em<br />

pé <strong>da</strong> pressão do chão sob seus pés 20 . Se colocam em sua<br />

mão as duas pontas de um compasso, ele só consegue distingui-las<br />

se puder balançar a mão e colocar em contato <strong>da</strong> pele<br />

ora uma ponta ora outra. Se desenham letras ou números em<br />

sua mão, ele só consegue identificá-los se mover ele mesmo<br />

a sua mão, e não é o movimento <strong>da</strong> ponta em sua mão que<br />

ele percebe, mas, inversamente, o movimento de sua mão em<br />

relação à ponta; como o provam desenhando em sua mão esquer<strong>da</strong><br />

letras normais, que nunca são reconheci<strong>da</strong>s, depois<br />

a imagem inverti<strong>da</strong> <strong>da</strong>s mesmas letras, que é logo compreendi<strong>da</strong>.<br />

O simples contato com um retângulo ou uma oval de<br />

papel não dá lugar a nenhum reconhecimento, em compensação<br />

o paciente reconhece as figuras se lhe permitem movimentos<br />

de exploração dos quais ele se serve para "soletrálas",<br />

para determinar seus "caracteres" e para <strong>da</strong>í deduzir o<br />

objeto 21 . Como coordenar essa série de fatos e como apreender<br />

através deles a função que existe no normal e que falta<br />

no doente? Não pode se tratar simplesmente de transferir para<br />

o normal aquilo que falta ao doente e que ele procura recuperar.<br />

A doença, assim como a infância e o estado de "primitivo",<br />

é uma forma de existência completa, e os procedimentos<br />

que ela emprega para substituir as funções normais destruí<strong>da</strong>s<br />

são também fenômenos patológicos. Não se pode deduzir<br />

o normal do patológico, as carências <strong>da</strong>s suplências, por<br />

uma simples mu<strong>da</strong>nça de sinal. É preciso compreender as suplências<br />

como suplências, como alusões a uma função fun<strong>da</strong>mental<br />

que elas tentam substituir e <strong>da</strong> qual não nos dão<br />

a imagem direta. O ver<strong>da</strong>deiro método indutivo não é um<br />

"método <strong>da</strong>s diferenças", ele consiste em ler corretamente

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!