12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O MUNDO PERCEBIDO 335<br />

mos agora que essa exploração não é nem mesmo necessária<br />

e que, conseqüentemente, a orientação é constituí<strong>da</strong> por um<br />

ato global do sujeito perceptivo. Digamos que, antes <strong>da</strong> experiência,<br />

a percepção admitia um certo nível espacial em relação<br />

ao qual o espetáculo experimental primeiramente parecia<br />

oblíquo e que, no decorrer <strong>da</strong> experiência, esse espetáculo<br />

induz um outro nível em relação ao qual o conjunto do<br />

campo visual pode novamente parecer direito. Tudo se passa<br />

como se certos objetos (as paredes, as portas e o corpo do<br />

homem no quarto), determinados como oblíquos em relação<br />

a um nível <strong>da</strong>do, pretendessem fornecer por si as direções privilegia<strong>da</strong>s,<br />

atraíssem para si a vertical, desempenhassem o<br />

papel de "pontos de ancoragem" 13 e fizessem o nível precedentemente<br />

estabelecido oscilar. Não caímos aqui no erro realista<br />

que é o de, com o espetáculo visual, conceder-se direções,<br />

já que para nós o espetáculo experimental só é orientado<br />

(obliquamente) em relação a um certo nível e já que por<br />

si ele não nos dá a nova direção do alto e do baixo. Resta<br />

saber o que é exatamente esse nível que sempre se precede<br />

a si mesmo, to<strong>da</strong> constituição de um nível supondo preestabelecido<br />

um outro nível — como os "pontos de ancoragem",<br />

a partir do ambiente de um certo espaço ao qual eles devem<br />

sua estabili<strong>da</strong>de, convi<strong>da</strong>m-nos a constituir um outro, e enfim<br />

o que é o "alto" e o "baixo" se eles não são simples nomes<br />

para designar uma orientação em si dos conteúdos sensoriais.<br />

Afirmamos que o "nível espacial" não se confunde<br />

com a orientação do corpo próprio. Se sem dúvi<strong>da</strong> alguma<br />

a consciência do corpo próprio contribui para a constituição<br />

do nível — uma pessoa, cuja cabeça está inclina<strong>da</strong>-, coloca<br />

em posição oblíqua um cordão móvel que lhe solicitam colocar<br />

verticalmente 14 —, nessa função ela está em concorrência<br />

com os outros setores <strong>da</strong> experiência. E a vertical só tende<br />

a seguir a direção <strong>da</strong> cabeça se o campo visual está vazio<br />

e se faltam os "pontos de ancoragem", por exemplo quando

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!