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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O SER-PARA-SI E O SER-NO-MUNDO 529<br />

mos um poder sobre o tempo e não uma posse do tempo —,<br />

mas porque é essencial ao tempo apoderar-se de si mesmo<br />

à medi<strong>da</strong> que ele se abandona, e contrair-se em coisas visíveis,<br />

em evidências de primeira vista. To<strong>da</strong> consciência é, em<br />

algum grau, consciência perceptiva. Naquilo que a ca<strong>da</strong> momento<br />

chamo de minha razão ou de minhas idéias, se pudéssemos<br />

desenvolver todos os seus pressupostos sempre encontraríamos<br />

experiências que não foram explicita<strong>da</strong>s, contribui- -^<br />

ções maciças do passado e do presente, to<strong>da</strong> uma "história ^3<br />

sedimenta<strong>da</strong>" 30 que não concerne apenas à gênese de meu ^<br />

pensamento, mas determina seu sentido. Para que fosse possí- ^<br />

vel uma evidência absoluta e sem nenhum pressuposto, para £<br />

que meu pensamento pudesse penetrar-se, encontrar-se che- * •<br />

gar a um puro "consentimento de si a si", seria preciso, pa- ? ^<br />

ra falar como os kantianos, que ele deixasse de ser um acon- g^<br />

tecimento e que fosse ato de um lado a outro; para falar como<br />

a Escola, que sua reali<strong>da</strong>de formal estivesse incluí<strong>da</strong> em<br />

sua reali<strong>da</strong>de objetiva; para falar como Malebranche, que ele<br />

deixasse de ser "percepção", "sentimento" ou "contato"<br />

com a ver<strong>da</strong>de para tornar-se pura "idéia" e "visão" <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de.<br />

Em outros termos, seria preciso que, em lugar de ser<br />

eu mesmo, eu me tornasse um puro conhecedor de mim mesmo,<br />

e que o mundo tivesse deixado de existir em torno de<br />

mim para se tornar puro objeto diante de mim. Em relação<br />

àquilo que somos pelo fato de nossas aquisições e deste mundo<br />

preexistente, temos um poder suspensivo, e isso basta para<br />

que não sejamos determinados. Posso fechar os olhos, tapar<br />

os ouvidos, mas não posso deixar de ver, nem que seja<br />

o negro de meus olhos, de ouvir, nem que seja este silêncio,<br />

e <strong>da</strong> mesma maneira posso colocar entre parênteses as minhas<br />

opiniões ou minhas crenças adquiri<strong>da</strong>s, mas, o que quer<br />

que eu pense ou deci<strong>da</strong>, será sempre sobre o fundo <strong>da</strong>quilo<br />

que anteriormente acreditei ou fiz. Habemus ideam veram, temos<br />

uma ver<strong>da</strong>de, essa experiência <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de só seria saber

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